Em meio a inúmeras denúncias de assédio sexual, uma nova acusação contra Silvio Almeida veio à tona nessa terça-feira (10). Segundo o relato, o ex-ministro teria assediado uma aluna, quando lecionava no curso de Direito da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo.
Entrevistada pelo The Intercept Brasil, a ex-graduanda, identificada como Carla, contou que o caso ocorreu em 2009, enquanto se preparava para entregar a monografia. Professor dela durante dois anos, Almeida fez parte da banca de avaliação do trabalho e teria entrado em contato com a universitária antes da defesa, afirmando que os dois deveriam sair para discutir o assunto.
“Acho que a gente devia sair para conversar sobre o seu tema, porque eu não quero que você saia prejudicada”, ele teria afirmado, em ligação.
Sem saber como o docente conseguiu seu número e incomodada com o contato, Carla tentou desconversar, afirmando que não teria tempo para a conversa porque trabalhava e estudava. Ainda assim, o ex-ministro teria ligado outras vezes, voltando a alegar que não queria que a aluna se prejudicasse.
Na época, a ex-estudante teve receio de procurar a reitoria da universidade, relatando o ocorrido apenas a amigas próximas. “Fiquei com medo dele realmente me prejudicar na monografia”, confessou ela.
Carla não se surpreendeu com as denúncias contra Silvio vindo à tona nos últimos dias, pois sabia que “não era a única” a ter sido assediada pelo ex-professor. Ela, inclusive, mencionou ter ouvido falar de outra aluna que também teria sido chamada para sair por Almeida, na época da graduação.
“Agora ele mexeu com alguém que está no mesmo nível que ele, que talvez não teria tanto medo de falar alguma coisa”, declarou a ex-aluna sobre uma das denúncias recentes ter partido de Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.
O QUE DIZ A UNIVERSIDADE?
Em nota, a Universidade São Judas Tadeu afirmou ao veículo de comunicação que, até o momento, “não recebeu nenhuma denúncia ou relato formal de natureza semelhante aos mencionados” e, portanto, desconhece os fatos.
A instituição de ensino superior ainda informou que está apurando o assunto internamente, “apesar de não haver qualquer relação jurídica com o ex-professor há cinco anos”.
SÉRIE DE DENÚNCIAS
Na última sexta-feira (6), outras quatro mulheres afirmaram terem sido assediadas por Silvio Almeida, segundo o jornal O Globo. As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal (PF).
Candidata ao cargo de vereadora em Santo André, no interior de São Paulo, a professora Isabel Rodrigues utilizou as redes sociais para relatar ter sido uma das supostas vítimas do ex-ministro.
Segundo ela, o assédio teria ocorrido em 2019, quando Silvio fazia parte do Conselho Pedagógico da Escola de Governo. “Fiz parte dessa Escola como aluna e professora. Dia 03 de agosto de 2019, foi o dia que, em um almoço, onde tinham mais pessoas, sofri violência sexual por parte do [até então] ministro”, disse ela.