A mãe de outro estudante da escola, onde Carlos Teixeira sofreu pulos nas costas e morreu uma semana depois, alegou, nesta segunda-feira (22), que o filho foi agredido no local conhecido como "banheiro da morte". Os casos ocorreram em um colégio estadual de Praia Grande, no litoral de São Paulo, neste mês. As informações são do g1.
Conforme Tatiane Boeno, o filho dela de 14 anos foi agredido por sete alunos. Boeno teria dito ainda que o adolescente foi espancado duas vezes no mesmo dia, na escola. A vítima teria sido atingido com tapas e pontapés. As agressões também ocorreram na "sala de cinema" do local.
"O sentimento é de revolta e medo. Esse banheiro é perigosíssimo. Todas as brigas são resolvidas lá, pois não tem câmera. Eles [os agressores] esperam o aluno que querem fazer bullying entrar e, então, atacam em bando. São sempre os mesmos", desabafou Tatiane.
'Ficou medo porque o ameaçaram de represália'
A mãe do garoto contou ainda que o filho tentou sair da escola após as agressões. "Ficou com medo porque o ameaçaram de represália na saída", revelou.
Ao contar a mãe que havia sido espancado, Boeno acionou a diretoria. A responsável pela instituição afirmou que não ocorreram agressões naquele dia. Em seguida, segundo a mãe do adolescente, ela revelou ter conversado com os agressores do filho.
"Pediram desculpas e disseram que não fariam mais isso. Desde então, converso todos os dias com ele para ver se o agrediram novamente", disse Boeno.
O g1 obteve acesso a um áudio que sugere que a direção da unidade sabia do "apelido" do banheiro. Conforme a advogada Amanda Mesquita, um aluno gravou o momento que Carlos foi agredido e correu para chamar a diretora.
"Nesse mesmo dia, o menino [Carlos] tinha corrido para o banheiro, os ‘moleque’ [sic] foram e pegaram ele no banheiro. Aí falou para ele assim: ‘aqui é o banheiro da morte, quem entrar aqui, a gente mata’. O ‘moleque’ jurou ele de morte na frente da professora. A professora virou para ele e falou assim: ‘ah, lá fora vocês se entendem, aqui não’", diz o áudio.
O que diz a Seduc-SP
A Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc-SP) relatou em nota repudiar qualquer ato de violência.
"Reforçamos que sempre que um caso de violência ou bullying é identificado nas unidades de ensino da rede estadual, a equipe gestora aciona os responsáveis e a rede protetiva que inclui Ronda Escolar e Conselho Tutelar, quando necessário, além do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP)", disse a Pasta.
Relembre o caso de Carlos Teixeira
Carlos Teixeira, de 13 anos, morreu uma semana depois de dois colegas pularem sobre suas costas em uma escola estadual. O pai do adolescente afirmou que o filho sofria bullying e acredita que a morte aconteceu em decorrência dos golpes nas costas.
Os dois meninos que teriam pulado sobre Carlos estudavam com ele no 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professor Júlio Pardo Couto, conforme apurado pelo g1.
"A gente leva a criança para escola achando que a criança vai estudar, que vai estar segura e, ao final, olha o que acontece", lamentou o pai de Carlos, Julisses Fleming, de 42 anos, que trabalha como porteiro e manobrista.
A agressão contra a vítima aconteceu no último dia 9, e segundo o pai, no mesmo dia o adolescente reclamou de dores nas costas e falta de ar ao chegar da escola. Julisses disse que levou o filho à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Praia Grande ao menos três vezes na semana, onde o filho foi medicado e, em seguida, liberado.
Os sintomas do adolescente se intensificaram no último dia 15, uma semana após a agressão. Com as queixas do filho, o pai de Carlos decidiu levá-lo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de Santos, em São Paulo, onde ele precisou ser internado e entubado. No dia seguinte, o jovem foi transferido para a Santa Casa de Santos e morreu após três paradas cardiorrespiratórias.