Defensoria do RJ vê falhas no hospital em que anestesista cometeu estupro

Segundo o órgão, protocolos, fluxos e processos de trabalho precisam ser aprimorados no hospital

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) realizou uma vistoria no Hospital da Mulher, em São João de Meriti, identificando falhas e fragilidades. Foi na unidade de saúde em que o anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante após estuprar uma mulher que fazia uma cesariana, no último dia 10.

A vistoria foi feita na última quinta-feira (14), quando foram identificados falhas no processo de preenchimento dos dados do livro do centro cirúrgico, com as informações dos procedimentos realizados, além de problemas no armazenamento da documentação das pacientes. 

Segundo a coordenadora de Saúde da DPRJ, a defensora Thaísa Guerreiro, foi possível verificar que os protocolos, fluxos e processos de trabalho precisam ser aprimorados no hospital.

Um exemplo é o fato de os obstetras não terem questionado a sedação nem interpelado o anestesista quando ele orientou o pai a se retirar do centro cirúrgico, mesmo tendo a criança recém-nascida permanecido na sala.

Para a defensora, isso demonstra que violações importantes aos direitos sexuais e reprodutivos da mulher estão sendo naturalizados, o que ela frisa ser uma prática inadmissível.

Risco à saúde das mulheres

Thaísa Guerreiro lembra que o Brasil já foi alertado, no último relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, sobre o número exacerbado de cesáreas com sobremedicação. que incrementam o risco à saúde e à vida das mulheres, além de outras práticas de violência obstétrica institucional, perpetrada e tolerada por agentes públicos, como é o caso.

"Exatamente, por isso, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro acompanha o caso, e atua para que os fluxos, processos de trabalho, protocolos e políticas de humanização e capacitação, sobretudo da equipe médica masculina, sejam aprimorados no Hospital da Mulher e nas demais maternidades públicas do Estado" disse.  

O relatório com as inconformidades identificadas será enviado à Fundação Saúde e à Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro.