Assassinato de Dom e Bruno pode ter envolvimento de mandante, diz superintendente da PF

Inicialmente, a corporação divulgou que as investigações sobre os homicídios apontavam para a inexistência de um mandante

O superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Eduardo Fontes, declarou, em reportagem divulgada nessa quinta-feira (23) pelo Jornal Nacional, que não descarta o envolvimento de um mandante na morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.  

"É possível ter um mandante. A investigação ainda está em andamento, mas a gente está apurando tudo e nós não vamos deixar nenhuma linha investigativa de lado e vamos apurar de forma técnica e segura para dizer o que efetivamente aconteceu e o que não aconteceu", afirmou o titular. 

Inicialmente, em 17 de junho, a corporação divulgou que as investigações sobre os homicídios apontavam para a inexistência de um mandante ou envolvimento de organização criminosa. 

O comunicado divulgado pelo comitê de crise, coordenado pela PF, diz que a apuração continua e novas prisões podem ocorrer, mas as investigações "apontam que os executores agiram sozinhos". A teoria é refutada pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que aponta "crime político".

Bruno e Dom desapareceram em 5 de junho, e, 11 dias depois, os corpos foram encontrados na região do Vale do Javari, Amazonas. Nessa quinta-feira, os restos mortais deles foram entregues as famílias.  

Quarto suspeito é preso 

Um homem que diz ter envolvimento no assassinato da dupla se apresentou nesta quinta-feira à Polícia de São Paulo. Gabriel Pereira Dantas prestou depoimento, sendo detido no 77º Distrito Policial, na região central da capital paulista. O relato dele ainda não foi confirmado pela Polícia Federal e pela força tarefa no Amazonas, responsáveis pela investigação do caso.

Ainda não se sabe se o homem é um dos cinco suspeitos identificados pela Polícia Federal. Os três presos na região do crime são Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", o irmão dele Oseney da Costa de Oliveira e Jeferson da Silva Lima.

Em depoimento à Polícia Civil, Gabriel afirmou que, no dia do assassinato, estava bebendo com "Pelado". Ele diz estar na mesma embarcação do outro suspeito quando eles avistaram Bruno e Dom passarem de lancha pelo rio. Logo, teriam partido atrás do indigenista e do jornalista, afirmou.

Segundo o suspeito, "Pelado" puxou uma espingarda calibre 16 e apontou para Bruno e Dom, tendo primeiro atirado no jornalista e depois no indigenista, a uma distância de cerca de três metros. O local do crime teria sido o Rio Madeira, próximo à comunidade Santa Isabel. Ele ainda disse conhecer "Pelado" havia apenas uma semana.

Gabriel afirmou à Polícia que ficou responsável por esconder os pertences dos mortos na floresta, enquanto "Pelado" teria saído para buscar ajuda de moradores ribeirinhos e "dar destino aos corpos". Depois dos crimes, o novo preso disse ter fugido para Santarém (PA), depois Manaus (AM), Rondonópolis (MT) e por fim para a capital paulista, onde relatou que estava morando nas ruas.

Segundo informações da Polícia Civil, o suspeito afirmou que "não aguentava mais a situação" e que carregava "um sentimento de peso e culpa nas costas" por ter filhos pequenos.

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