A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) condenou, na terça-feira (28), discurso racista adotado por representantes de empresas fabricantes de pomadas capilares.
Em reunião técnica após a proibição da comercialização de todas as pomadas para modelar e trançar, alguns representantes alegaram que os efeitos adversos estariam restritos ao uso para trançar cabelos e à suposta prática de não lavar os cabelos trançados por diversos dias.
A Anvisa emitiu nota apontando eventual aspecto discriminatório no discurso. A agência ressaltou que "está comprometida com a proteção e a promoção da saúde da população, considerando o acolhimento das diversidades de povos, etnias e culturas que compõem o Brasil".
Não há evidências que os efeitos sejam provocados por alguma forma específica de uso das pomadas, segundo a Anvisa. As causas potenciais dos eventos adversos graves seguem em investigação, incluindo a formulação dos produtos, o modo de uso e eventuais impurezas.
Portanto, não há alegações técnicas de que os eventos adversos graves estejam relacionados ao uso por pessoas negras e mais especificamente à prática de trançar cabelos
Proibição da comercialização de pomadas
A Anvisa proibiu, em fevereiro, a comercialização de todas as pomadas para modelar e trançar cabelos após série de efeitos indesejáveis graves relacionados a esse tipo de produto. Também foi determinado o recolhimento de cinco produtos que contêm substância proibida.
Há a suspeita de que os produtos estejam causando lesões nos olhos, de uma simples ardência a um lacrimejamento intenso, inchaço ocular e cegueira temporária.
Devido à restrição, salões de beleza estão temporariamente proibidos de utilizar qualquer pomada do tipo, assim como quem tenha algum dos produtos em casa.
Enquanto as investigações continuam, a Anvisa orienta aos consumidores dos produtos:
- Não usar ou adquirir esses produtos;
- Se tiver feito uso recente, lavar os cabelos com cuidado, lembrando de inclinar a cabeça para trás, para que o produto não entre em contato com os olhos;
- Em caso de contato acidental com os olhos, lavar imediatamente com água em abundância;
- Em caso de qualquer efeito indesejado, procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo;
- Em caso de efeito indesejado, notificar o caso à Anvisa por meio do site.
Na reunião técnica, representantes das empresas sugeriram a vedação específica do uso de pomadas para trançar cabelos.
As sugestões foram adotadas pela agência e os produtos só devem voltar ao mercado quando houver garantia de segurança para todos os consumidores.