Singapura revoga lei contra a homossexualidade criada na época colonial

Embora não fosse mais praticada, a legislação punia o sexo entre homens com até dois anos de prisão

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
esta é uma imagem da bandeira da comunidade lgbtqia+
Legenda: Parlamento de Singapura anula lei contra a homossexualidade na cidade-estado
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Parlamento de Singapura anulou, nesta terça-feira (29), uma lei que era contra a homossexualidade, criada ainda na época colonial. A antiga norma foi criticada como discriminatória e estigmatizante para a comunidade LGBTQIA+.

Embora não fosse mais aplicada na prática, a legislação em questão punia o sexo entre homens com até dois anos de prisão

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O Parlamento revogou a lei com 93 votos a favor, três contrários e nenhuma abstenção.

"Estou feliz que finalmente aconteceu", afirmou Justin, um membro da comunidade LGBTQIA+ que forneceu apenas seu primeiro nome à AFP.

"Um motivo a menos para eu esconder meu verdadeiro eu, por causa de uma lei arcaica. Mas é apenas o primeiro passo para acabar com o estigma social e religioso que esta comunidade carrega pelas crenças ultrapassadas e censura da mídia", acrescentou. 

O Parlamento também alterou a Constituição para manter a definição tradicional de casamento entre um homem e uma mulher, bloqueando a igualdade no matrimônio.

Matrimônio 'tradicional'

Ao mesmo tempo, o Parlamento também alterou a Constituição com uma emenda para manter a definição tradicional de casamento entre um homem e uma mulher, o que bloqueia a igualdade no matrimônio.

No final das discussões nesta terça-feira, o ministro do Interior e da Justiça, K. Shanmugam, disse que revogar a lei foi "a coisa certa a fazer", porque não há "considerações públicas que justifiquem o sexo privado e consensual entre homens como um crime".

Além disso, o ministro também defendeu a emenda constitucional, caso contrário, afirma ele, o conceito de casamento tradicional poderá ser ameaçado na Justiça, assim como todas as políticas públicas baseadas nessa definição.

"Não há planos de mudar essa definição para incluir casamentos entre pessoas do mesmo sexo", enfatizou o ministro da Família e da Promoção Social, Masagos Zulkifli, cujo ministério promoveu a emenda constitucional.

"Líderes religiosos, ou qualquer outra pessoa autorizada para esse fim, não podem oficializar um casal homossexual. Isso é contra a lei", acrescentou. 

Defensores da comunidade LGBTQIA+ denunciaram que esse tipo de emenda promove uma diferença de tratamento. 

Em 2020, a homossexualidade era ilegal em 69 países ao redor do mundo, incluindo 11 onde a pena de morte é contemplada, de acordo com um relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA).

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