Rússia volta a atacar Kiev e faz novas ameaças caso Ucrânia receba armas

EUA e Alemanha prometeram enviar armamento reforçado para os combatentes ucranianos

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo ,
Menino empurra uma bicicleta em frente a um imóvel destruído na Ucrânia.
Legenda: Líder russo, Vladimir Putin ameaça tornar a guerra mais agressiva caso a Ucrânia receba armas do Ocidente.
Foto: SERGEI CHUZAVKOV/AFP

A capital ucraniana, Kiev, voltou a ser atacada neste domingo (5), pouco mais de um mês após a retirada das tropas da Rússia que cercavam a cidade. O bombardeio foi coordenado com novas ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, que prometeu estender a guerra e atingir novos alvos caso a Ucrânia receba armas de longo alcance do Ocidente.

Por volta das 5 horas da manhã, cinco mísseis atingiram uma estação ferroviária e outros alvos nos bairros de Darnytski e Dniprovski, segundo o prefeito da capital, Vitali Klitschko.

De acordo com a Rússia, as bombas destruíram tanques e veículos blindados fornecidos por aliados do Leste Europeu. O chefe do sistema ferroviário da Ucrânia, Oleksandr Kamyshin, rejeitou a alegação de que tanques fornecidos por países do Leste Europeu tenham sido atingidos.

A Energoatom, operadora estatal de energia atômica da Ucrânia, disse, neste domingo, que um míssil de cruzeiro russo voou "perigosamente baixo" sobre uma usina nucelar de Pivdennoukrainska, a segunda maior do país. "É provável que tenha sido um dos mísseis que foram disparados na direção de Kiev", disse a operadora, em comunicado.

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Os ataques deste domingo acabaram com a sensação de segurança readquirida pelos moradores de Kiev, que vivia uma relativa tranquilidade nas últimas cinco semanas - desde que Putin ordenou a retirada de suas tropas do norte da Ucrânia para concentrar forças na região de Donbas, no leste do país.

Apesar da suposta destruição de blindados, o bombardeio de Kiev parece ter sido um recado de Putin ao Ocidente, principalmente ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que prometeu enviar sistemas de foguetes avançados para a Ucrânia, como parte de um novo pacote de US$ 700 milhões em equipamento militar.

Neste domingo, a Rússia ameaçou atacar novos alvos se os EUA realmente enviarem à Ucrânia armas de longo alcance. Falando à emissora de TV estatal Rossiya-1, Putin afirmou que, se os mísseis forem fornecidos, ele ampliaria a guerra e atingiria "alvos ainda não atingidos".

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O foco dos combates deste domingo continuaram na região de Donbass. Fortes explosões foram registradas na cidade de Kramatorsk, controlada pela Ucrânia. Russos e ucranianos também lutam de rua em rua em Severodonetsk, o último grande reduto da resistência no leste do país.

Combate regular

O governador de Luhansk, Serhi Haidai, disse que as forças ucranianas recuperaram praticamente metade de Severodonetsk - no início da semana passada, os russos haviam assumido o controle de 80% da cidade.

Neste domingo, o Ministério da Defesa do Reino Unido, durante um briefing de inteligência, disse que os contra-ataques ucranianos estavam "enfraquecendo o impulso operacional" das forças russas em Severodonetsk, incluindo as milícias separatistas, apoiadas pela Rússia, que estão "mal equipadas e treinadas", sem equipamento pesado de combate regular.

A conquista de Severodonetsk daria à Rússia o controle total da região de Luhansk e abriria caminho para uma ofensiva para capturar toda a região industrial de Donbas, um objetivo declarado de Putin depois da retirada de suas tropas de Kiev e do norte da Ucrânia.

Neste domingo, o chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, deu uma resposta dura às declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, que sugeriu que seus aliados deveriam evitar impor humilhações a Moscou para melhorar a possibilidade de um acordo de paz.

"Apelos para evitar a humilhação da Rússia só podem humilhar a França e todos os outros países que pedirem por isso", disse Kuleba. "Em vez disso, muitas vidas seriam salvas e a paz seria restaurada se os países se concentrassem em como colocar a Rússia em seu devido lugar." (Com agências internacionais).

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