Cresce número de mortos em terremoto na Turquia e na Síria; frio dificulta buscas por sobreviventes

A quantidade de óbitos provocados pelo tremor segue subindo e, na manhã desta terça-feira (7), passou dos 5,1 mil falecidos

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
Um morador fica em frente a um prédio que desabou após um terremoto na cidade de Jandaris, no interior da cidade de Afrin, no noroeste da Síria, na parte controlada pelos rebeldes da província de Aleppo, em 6 de fevereiro de 2023
Legenda: Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que número de vítimas pode ser oito vezes maior do que o já divulgado
Foto: Rami al SAYED / AFP

frio intenso do inverno dificulta o trabalho das equipes de resgate que continuam, nesta terça-feira (7), as buscas por sobreviventes do terremoto de grandes proporções que abalou o Sudeste da Turquia e o Norte da Síria. O número de óbitos provocados pelo tremor de terra de magnitude 7,8 na escala Richter — que se estende até o nível 9 — continua subindo e passou dos 5,1 mil mortos

Nesta manhã, o presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que foi registrado, ao menos, 3.549 pessoas mortas, conforme a Reuters. Antes disso, o vice-presidente do País, Fuat Oktay, detalhou que as condições climáticas severas dificultaram o envio de ajuda às regiões afetadas e a realização de resgates. Somente veículos de buscas e ajuda estavam autorizados a entrar ou sair de Hatay, Kahramanmaras e Adiyaman, três das províncias mais afetadas.

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O balanço das vítimas na Turquia deve aumentar com o passar das horas, devido à quantidade alta de prédios que desabaram em cidades como Adana, Gaziantep, Sanliurfa e Diayarbakir.

Na Síria, o abalo sísmico provocou a morte de, pelo menos, 1.600 indivíduos, conforme o governo e um serviço de resgate no noroeste controlado pelos rebeldes detalhou à agência de notícias britânica. 

À AFP, a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que o número de vítimas do terremoto pode ser oito vezes maior do que o já divulgado. 

A situação é muito grave, muitas pessoas ainda continuam sob os escombros dos edifícios."
Majid Ibrahim
cirurgião do hospital Al Rahma da cidade de Darkush, no Norte da Síria

O tremor foi sentido às 4h17 locais (22h17 de domingo, horário de Brasília) e ocorreu a 17,9 km de profundidade, segundo o Serviço Geológico de Estados Unidos (USGS). O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, no Sudeste da Turquia, a 60 km da fronteira síria.

Foi registrada uma série de cerca de 50 terremotos menores, entre eles um de magnitude 7,5, que impactou a região nove horas após o de maior proporção, quatro quilômetros a Sudeste de Ekinozu. 

Presidente turco decreta estado de emergência

O presidente turco, Tayyip Erdogan, declarou, nessa terça-feira, estado de emergência em 10 províncias que foram mais afetadas pelos terremotos que atingiram o País.

Durante discurso, o mandatário declarou as localidades como zona de desastre e impôs o status na região por três meses. Isso permitirá que o presidente e o gabinete contornem o parlamento na promulgação de novas leis e limitem ou suspendam direitos e liberdades, conforme a Reuters.

Sete dias de luto

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou sete dias de luto pelas vítimas. "Nossa bandeira será hasteada a meio mastro até o pôr-do-sol de domingo", declarou no Twitter. 

Dezenas de países ofereceram ajuda à Turquia e à Síria, onde o terremoto foi mortal porque ocorreu nas primeiras horas da manhã, quando a maioria das pessoas estava dormindo.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu a Erdogan na segunda-feira (6) que Washington enviaria "toda a ajuda necessária" para a recuperação da Turquia.

Achamos que fosse o apocalipse."
Melisa Salman
Repórter e moradora da cidade turca de Kahramanmaras, epicentro do tremor

'Todo o edifício desabou'

Este sismo foi o maior na Turquia desde o terremoto de 17 de agosto de 1999, que deixou 17 mil mortos, mil deles em Istambul.

Segundo o vice-presidente turco, Fuat Oktay, ao menos três dos aeroportos na região afetada - Hatay, Maras e Gaziantep - foram fechados. A neve e as tempestades que castigam a região impediam o tráfego aéreo em outros, incluindo no de Diyarbakir, detalhou à AFP.

No povoado sírio de Azmarin, fronteiriço com a Turquia, Usama Abdelhamid contou ter sentido o tremor enquanto estava dormindo. "Corri com minha mulher e meus filhos para a porta do nosso apartamento no terceiro andar. Quando a abrimos, todo o prédio desmoronou", declarou.

A agência de notícias síria SANA divulgou imagens que mostravam destruição em várias cidades, entre elas Lataquia, na costa mediterrânea, onde prédios inteiros ruíram. Edifícios também desabaram em Hama, no centro do país, e em Aleppo, a segunda cidade síria, no Norte do País, onde a famosa cidadela foi danificada.

O Ministério da Educação anunciou o fechamento as escolas em todas as regiões controladas pelo governo até o fim de semana.

Raed Ahmed, chefe do Centro Nacional de Monitoramento Sísmico da Síria, disse a uma rádio oficial que este foi "historicamente o maior terremoto já registrado".

Ajuda internacional

O governo sírio pediu socorro à comunidade internacional, que anunciou o envio de ajuda e equipes de resgate. Foi o caso da União Europeia (UE) e de muitos dos países-membros do bloco. Reino Unido, Israel, Índia, Azerbaijão e Ucrânia, assim como a Grécia, adversária histórica da Turquia, fizeram o mesmo.

E o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, que manteve conversas com seus colegas dos dois países, assegurou que enviará equipes de resgate.outros líderes, como o papa Francisco e o presidente chinês, Xi Jinping, enviaram seus pêsames às vítimas.

A Turquia fica em uma das áreas sísmicas mais ativas do mundo. Especialistas advertem há tempos que um tremor de grande magnitude poderia devastar Istambul, que permitiu construções generalizadas sem precauções.

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