Delegações dos governos da Rússia e da Ucrânia iniciaram, nesta segunda-feira (28), as primeiras negociações desde o início da invasão, há cinco dias, pelas tropas de Moscou, que prosseguem com a ofensiva apesar do pedido do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky por um cessar-fogo "imediato".
O Ministério das Relações Exteriores da República da Bielorrússia chegou a divulgar imagens da reunião que aconteceu no país, na manhã de segunda, no Twitter.
"Rússia e Ucrânia estão mantendo as primeiras conversações", afirmou a agência de notícias bielorrussa Belta sobre as negociações, que acontecem na região de Gomel, em Belarus, perto da fronteira com a Ucrânia, e que coincidem com o aumento da resistência de Kiev ao avanço das tropas de Moscou.
A invasão russa provocou uma série de sanções dos países ocidentais e seus aliados, que incluem bloqueios ao acesso do sistema financeiro, assim como o fechamento do espaço aéreo para os aviões russos.
Muitos países ofereceram armas à Ucrânia, mas insistiram que não se envolveriam militarmente no conflito.
A Ucrânia exige um cessar-fogo "imediato" e a retirada das tropas russas de seu território. O presidente Zelensky pediu aos soldados de Moscou que "abaixem as armas" e "salvem suas vidas", em uma mensagem em russo publicada nas redes sociais.
Zelensky, com uma forte presença midiática durante a crise, também pediu à União Europeia (UE) que admita de maneira imediata seu país no bloco, mas em Bruxelas "há opiniões diferentes" a respeito, respondeu o presidente do Conselho europeu, Charles Michel.
Pedido de acordo
O principal negociador russo, Vladimir Medinski, afirmou que seu país "busca um acordo", mas o Kremlin destacou que não revelaria sua posição antes das negociações.
Zelenski admitiu que está cético a respeito das conversações.
"Como sempre, realmente não acredito no resultado da reunião, mas deixe que tentem", declarou.
Fuga em massa da Ucrânia
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) desde quinta-feira quase 500 mil pessoas da Ucrânia fugiram para os países vizinhos. A UE prevê que o conflito deixará sete milhões de deslocados.
A maioria dos refugiados viajou para a Polônia, país vizinho que tem uma importante comunidade de imigrantes ucranianos, mas outros seguiram para Romênia, Eslováquia e Hungria.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que é conhecido por suas posições contrárias aos imigrantes, flexibilizou as restrições contra os demandantes de asilo durante o fim de semana e na fronteira os húngaros tentaram confortar os deslocados, com refeições e ofertas de alojamento.
Na passagem de fronteira de Medyka, na Polônia, Katarzina Jasinska, de 25 anos, entregou um casaco a um ucraniano. "Chegaram sem nada e apenas com a roupa do corpo. Estavam fugindo e não tiveram tempo de pegar nada além do que estavam vestindo", disse, com lágrimas, a técnica veterinária.
Em todo o mundo, centenas de milhares de pessoas se manifestaram no fim de semana com bandeiras ucranianas para rejeitar a invasão russa e, nas redes sociais, muitas pessoas mostraram seu apoio a Kiev com a bandeira ucraniana em seus perfis.