Ao menos 4.815 menores de idade sofreram abusos sexuais por parte de membros do clero católico em Portugal desde 1950, de acordo com uma comissão independente que apresentou suas conclusões nesta segunda-feira (13), depois de ouvir mais de 500 depoimentos.
"Os testemunhos nos permitem chegar a uma rede de vítimas muito maior, calculada em um número mínimo de 4.815 vítimas", afirmou o coordenador da comissão de especialistas, o psiquiatra infantil Pedro Strecht, ao apresentar o relatório final, em Lisboa.
A maioria dos casos denunciados já prescreveu, mas 25 depoimentos foram encaminhados ao Ministério Público, informou Strecht. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, monsenhor José Ornelas, arcebispo de Leiria-Fátima, fará uma declaração no final do dia.
'Erradicar na medida do possível'
Os bispos portugueses devem se reunir no início de março para tirar as conclusões do relatório e para "erradicar na medida do possível este flagelo da vida da Igreja", como afirmou em janeiro o secretário da Conferência Episcopal, padre Manuel Barbosa.
Em abril de 2022, o cardeal-patriarca de Lisboa e principal líder da Igreja Católica portuguesa, Manuel Clemente, se declarou disposto a "reconhecer os erros do passado" e a "pedir perdão" às vítimas. Clemente estava presente durante a apresentação do relatório nesta segunda-feira.
Encontro do papa com as vítimas
O papa Francisco viajará a Portugal em agosto para a Jornada Mundial da Juventude e existe a possibilidade de um encontro com algumas vítimas, informou recentemente o arcebispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar.
Em 2019, o pontífice argentino prometeu lutar contra a pedofilia dentro da Igreja, depois que foram revelados milhares de casos de abusos cometidos por membros do clero.