A tempestade de inverno mais rigorosa em décadas nos Estados Unidos deixou pelo menos 47 pessoas mortas no país e está longe de terminar, alertaram autoridades nesta segunda-feira (26). Dos óbitos, 25 foram registrados em um condado do estado de Nova York.
"É cedo demais para dizer que acabou", afirmou a governadora de Nova York, Kathy Hochul, acrescentando que as autoridades esperam a queda de mais 30 cm de neve. "É claramente a tempestade de neve do século", disse em pronunciamento feito em Buffalo, na fronteira com o Canadá.
Embora a intensidade da nevasca tenha diminuído nos últimos dias, as autoridades advertem que ainda é perigoso estar fora de casa.
O oeste de Nova York, acostumado com o frio congelante e as nevascas, está enterrado sob metros de neve, tendo que aguentar temperaturas polares desde a semana passada.
O número de vítimas fatais no condado de Erie chegou a 13 na noite domingo (25). Desde então, mais 12 óbitos foram confirmados, elevando a 25 o total de mortos pela nevasca, segundo declarou a autoridade máxima local, Mark Poloncarz.
Algumas pessoas foram encontradas mortas em seus automóveis e outras tiveram parada cardíaca ao tentarem limpar a neve sob temperaturas ainda muito baixas, acrescentou Poloncarz. Outras vítimas ainda devem ser encontradas.
Em Ohio, os acidentes de estrada relacionados com o mau tempo deixaram nove mortos, confirmou a Patrulha Rodoviária do estado. Os óbitos relacionados às condições climáticas foram registrados em pelo menos nove estados.
Desde a noite de quarta-feira (21), os Estados Unidos sofrem com a tempestade de rara intensidade, cujos ventos polares provocaram nevascas, sobretudo na região dos Grandes Lagos.
'Desesperador'
O condado de Erie tornou-se o epicentro da crise e a cidade de Buffalo, a segunda maior de NY, está 'intransitável'. Com a previsão de mais neve, Poloncarz advertiu os moradores para que fiquem em casa ou busquem abrigo.
"Por favor, se não fizerem parte dos serviços de emergências, não dirijam", insistiu. O número de óbitos em Erie deve superar o da tempestade de Buffalo em 1977, quando quase 30 pessoas morreram.
A proibição de viajar seguia vigente nesta segunda-feira pela manhã no oeste do condado, mas alguns moradores desafiavam a medida.
Membros da Guarda Nacional e outros socorristas já resgataram centenas de pessoas de carros cobertos de neve e de casas sem energia elétrica. As autoridades afirmam que muitas continuam presas.
"É desesperador receber ligações de famílias com crianças que dizem que estão congeladas", desabafou o xerife do condado de Erie, John Garcia, em entrevista à rede de TV americana CNN.
Poloncarz disse que a eletricidade foi restabelecida em mais de 13 mil residências nas últimas 24 horas, mas que outras 12 mil seguiam sem luz. Algumas não poderão ser reconectadas à rede até amanhã.
No sábado, os cortes de energia em todo o país afetavam quase 1,7 milhão de residências, segundo o site especializado poweroutage.us.
Milhares de voos cancelados
Durante o fim de semana, foram registradas temperaturas abaixo de zero em 48 dos 50 estados dos Estados Unidos, incluindo comunidades do Texas e ao longo da fronteira com o México, onde alguns migrantes tiveram dificuldade para encontrar abrigo.
Dezenas de milhões de americanos tiveram seu Natal interrompido por cortes de energia em massa, estradas intransitáveis e milhares de voos cancelados, que provocaram caos nos aeroportos.
Nesta segunda-feira (26), mais de 2.600 voos permaneciam cancelados nos Estados Unidos, conforme o site Flightaware.com. A previsão é de que o tempo melhore gradativamente no decorrer da semana.
O clima extremo "continuará causando condições perigosas de viagem, em nível local, nos próximos dois dias", alertou o NWS. "A maior parte do leste dos Estados Unidos permanecerá em condições de congelamento nesta segunda-feira, até que se estabeleça uma tendência mais moderada a partir de terça-feira", acrescentou.