A Índia bateu, nesta quarta-feira (28), um novo recorde mundial de novos casos de Covid-19 e ultrapassou a marca de 200 mil mortos pela doença, causada pelo novo coronavírus. Agora, o país é o quarto com mais óbitos no mundo, atrás de Estados Unidos, Brasil e México.
Em apenas um dia, foram registrados 360.927 novos contágios no país indiano, que teve 3.293 mortes nas últimas 24 horas. É a primeira vez que a Índia, com 1,3 bilhão de habitantes, passa dos 3 mil óbitos em um dia.
O país, segundo mais populoso do planeta depois da China, autorizou, no dia 13 de abril, o uso da vacina russa Sputnik V contra a Covid-19. O imunizante é o terceiro aprovado na Índia, depois das vacinas AstraZeneca/Oxford e Covaxin, de produção nacional.
A explosão de casos, contudo é atribuída tanto à variante local do coronavírus, já detectada em pelo menos 17 outras nações, e às grandes manifestações políticas e religiosas das últimas semanas.
Situação da Covid-19 na Índia
A situação é crítica, e os crematórios trabalham sem pausa: as chaminés racham e as estruturas de metal das fornalhas têm derretido com o calor. Em alguns estabelecimentos, a lenha chegou a acabar — as famílias precisam fornecer combustível.
Sanjay, sacerdote local, pontuou o trabalho excessivo: "Começamos com o nascer do sol e as cremações continuam até depois da meia-noite".
A comunidade internacional se mobilizou para ajudar a Índia. O primeiro carregamento de ajuda médica britânica, com 100 respiradores e 95 concentradores de oxigênio, chegou na terça-feira a Nova Délhi. França, Canadá e Estados Unidos, entre outros, também anunciaram ajuda.
Variante indiana do coronavírus
A variante indiana provoca muitas perguntas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não sabe ainda se o maior índice de mortalidade se deve a uma variante mais agressiva, à situação do sistema de saúde indiano devido ao aumento de registros ou às duas questões.
A nova cepa, conhecida cientificamente como B.1.617, foi detectada em mais de 1,2 mil sequências de genoma em "pelo menos 17 países", anunciou a OMS, acrescentando que a variante "tem uma taxa de crescimento mais elevada do que outras variantes que circulam na Índia, sugerindo que é mais contagiosa".
A entidade citou como exemplos de países atingidos Reino Unido, Estados Unidos e Singapura. Bélgica, Suíça, Grécia e Itália também anunciaram presença do vírus nos últimos dias
Apesar da continuidade dos testes, o fundador e diretor do laboratório BioNTech, Ugur Sahin, declarou, nesta quarta-feira (28), que confia na eficácia da vacina desenvolvida em parceria com a Pfizer contra essa variante.
Medidas contra variante indiana
Com intuito de evitar a propagação, vários países suspenderam ou limitaram conexões aéreas com a Índia, como Austrália, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Nova Zelândia.
A Bélgica anunciou o fechamento de suas fronteiras com a Índia, mas também com Brasil e África do Sul, que também registraram outras variantes do vírus. Já Espanha ampliou a quarentena obrigatória — em vigor para passageiros procedentes do Brasil — a viajantes que chegam da Índia.
A presença do vírus preocupa a Europa, uma vez que vários países europeus começaram a flexibilizar medidas restritivas contra o vírus. A Holanda, pro exemplo, suspende, nesta quarta-feira, o toque de recolher.
Já nos Estados Unidos, na América do Norte, os cidadãos vacinados não precisarão mais usar máscara ao ar livre, exceto em casos onde existam aglomerações.