A fumaça dos incêndios florestais registrados no Canadá continua a nublar Nova York e outras cidades dos Estados Unidos. Nessa quinta-feira (8), o fenômeno provocou adiamento de voos, cancelamento de atividades ao ar livre e reduziu o nível de qualidade do ar ao alerta máximo para condições perigosas.
Imagens registradas nesta semana mostram os céus tingidos de laranja em diversas localidades dos Estados Unidos, entre elas a metrópole. (Veja abaixo)
A Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA, na sigla em inglês) classificou partes da região do Médio-Atlântico do País como "Código Vermelho-Escuro", categoria mais alta do índice. Isso tornou algumas partes dos EUA as mais poluídas do mundo. A situação não deve melhorar até o fim de semana.
Em Nova Yorrk, a densa nuvem de fumaça envolveu a Estátua da Liberdade e o horizonte de Manhattan. Máscaras são distribuídas gratuitamente para a população se proteger da baixa qualidade do ar.
Todas as atividades ao ar livre nas escolas públicas foram suspensas, e o prefeito Eric Adams pediu aos moradores que limitassem o tempo em ambientes externos apenas ao "absolutamente necessário". Devido à "visibilidade reduzida", a Administração Federal de Aviação precisou diminuir o tráfego dos aeroportos da metrópole.
Esta manhã, milhões de americanos sofrem os efeitos da fumaça dos devastadores incêndios florestais que queimam no Canadá, outro duro lembrete dos impactos da mudança climática", disse o presidente Joe Biden, em um comunicado divulgado nesse dia 8.
Mais de 100 milhões de pessoas estão sob alertas de poluição do ar no nordeste dos Estados Unidos, de Chicago a Atlanta, conforme a agência de proteção ambiental americana.
A fumaça que assola as cidades da América do Norte foi registrada também a milhares de quilômetros, especificamente na Noruega, localizada na Europa, informou o Instituto Norueguês de Pesquisa Climática e Ambiental (NILU) nesta sexta-feira (9).
O que provoca a fumaça em Nova York?
A província canadense de Quebec enfrenta incêndios "jamais vistos". Na quarta-feira (7), havia cerca de 150 focos de fogo ativos na localidade, e, entre esses, 100 estavam fora de controle. Devido ao desastre, milhares de pessoas foram evacuadas de suas casas, quantidade que deve continuar aumentando conforme o primeiro-ministro do local, François Legault.
"Com o efetivo que temos, podemos cobrir, ao mesmo tempo, aproximadamente 40 incêndios, mas há 150 ativos", disse o gestor. "Temos que atender os mais urgentes", acrescentou.
As autoridades do Canadá consideram que o número de hectares queimados nesta época do ano é totalmente excepcional. O País registra atualmente cerca de 2.300 incêndios florestais e cerca de 3,8 milhões de hectares queimaram, um número bem acima da média das últimas décadas.
Na quinta-feira, Biden disse que enviaria mais recursos para a nação vizinha, incluindo bombeiros adicionais, equipamentos de combate a incêndios e aviões-tanque. Isso se somará aos 600 soldados enviados no mês passado.
O que pode ter motivado os incêndios?
Grupos ambientalistas alertaram sobre a mudança climática, que está criando condições mais quentes e secas que aumentam o risco e a propagação de incêndios florestais.
"É a crise climática, aqui e agora, que provoca uma perigosa poluição atmosférica e ameaça a saúde de milhões de pessoas", afirmou May Boeve, diretora-executiva da 350.org.
O comentário converge com o do secretário-geral da ONU, António Guterres, que tuitou na quarta-feira: "Com aumento das temperaturas em todo o mundo, é urgente reduzir o risco de incêndios florestais".
Por sua vez, o porta-voz da Casa Branca Andrew Bates criticou a oposição republicana por "subscrever a teorias da conspiração refutadas, que negam a existência e a natureza da mudança climática".