Três meses depois de causar grandes danos à pequena ilha do arquipélago espanhol das Ilhas Canárias, cientistas consideraram como encerrada a erupção do vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, neste sábado (25).
“Não há lava e piroclastos, não há emissão significativa de gás. Não há terremotos significativos”, anunciou Julio Pérez, diretor do Plano de Emergência Vulcânica das Canárias (Pevolca), que especificou que a erupção durou “85 dias e 18 horas” desde que começou em 19 de setembro.
Depois de dez dias consecutivos sem nenhum sinal visível de atividade vulcânica, as autoridades das Ilhas Canárias anunciaram oficialmente o fim da erupção mais longa da história de La Palma, desde que começaram os registros.
Foi o tempo que os cientistas precisaram para poder afirmar que o episódio tinha realmente acabado, pois nas últimas semanas da erupção houve momentos de calmaria antes de registrar mais lava ou gases, para consternação dos habitantes de La Palma.
Limpeza levará vários anos
Seus fluxos de lava incandescente, que devastou tudo em seu caminho, estão pretos e endurecidos. Levará vários anos para limpar, reconstruir e colonizar o terreno reconfigurado da ilha, que, como as outras seis do arquipélago atlântico das Canárias, é de origem vulcânica.
O Cumbre Vieja forçou a evacuação de 7 mil pessoas e destruiu 1.345 casas. Mais de 500 pessoas ainda estão abrigadas em hotéis.
A lava cobriu 1.250 hectares de superfície e até alargou a ilha: os dois fluxos que atingiram o mar formaram novas penínsulas, uma de 44 hectares e a outra de 5 hectares, segundo autoridades locais.
Os 83 mil habitantes de La Palma não esquecerão a chuva de cinzas, os gases tóxicos que por diversas vezes forçaram o confinamento dos moradores próximos e a pluma que se elevou do cone de Cumbre Vieja.
Danos podem ultrapassar 900 milhões de euros
Foram semanas de paralisação, com fechamentos regulares do aeroporto de La Palma, uma ilha altamente dependente do turismo.
A lava afetou fortemente as plantações de banana, um dos motores econômicos de La Palma e que representa 50% do Produto Interno Bruto (PIB).
Os danos podem ultrapassar os 900 milhões de euros, segundo o presidente regional das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres.
O governo do presidente Pedro Sánchez, que já se deslocou várias vezes a La Palma, destinou até agora 225 milhões de euros (253 milhões de dólares) para a aquisição urgente de casas e equipamentos, assistência direta a agricultores e pescadores além de apoio social e psicológico.
Madrid também solicitou o lançamento de um Fundo de Solidariedade da União Europeia para La Palma.