Cristina Kirchner é condenada a seis anos de prisão pela Justiça argentina

Por ter foro privilegiado, a representante não pode ser presa

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi condenada pela Justiça a seis anos de prisão nesta terça-feira (6). Ela é acusada de chefiar uma organização criminosa que desviou dinheiro do Estado. 

A representante nega as acusações e alega estar sendo vítima de uma perseguição política — em setembro, ela sofreu um atentado em frente à sua casa. Além disso, ela não pode ser presa neste momento porque tem foro privilegiado, uma vez que, além de ser vice-presidente da nação argentina, é, também, presidente do Senado.

Kirchner pode recorrer da sentença em outras instâncias da Justiça até chegar ao Supremo Tribunal Federal. Esse processo já dura três anos e pode se estender, ainda, por tempo indeterminado.

Também foi proposta pela acusação uma pena ainda maior para a vice-presidente, de 12 anos de reclusão e inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos.

De acordo com o jornal La Nación, esta é a primeira condenação na história de um vice-presidente em exercício. 

Do que a Cristina Kirchner é acusada?

Kirchner é acusada de chefiar uma associação criminosa e de administração fraudulenta durante o período em que Néstor Kirchner foi presidente, entre os anos de 2003 e 2007, e em suas próprias gestões, entre 2007 e 2015. Ela foi considerada culpada na concessão de obras rodoviárias na província de Santa Cruz, seu berço político.

A acusação diz ainda que a organização chefiada pela vice-presidente cometeu fraudes que roubaram US$ 1 bilhão do Estado. Ela, porém, nega as acusações e acusa o tribunal de ter a sentença escrita desde o início do julgamento.

"As decisões sobre investimento público são de competência exclusiva dos órgãos políticos e não há norma legal que estabeleça limites sobre como deve ser feita a sua distribuição", argumenta a vice-presidente, segundo o G1. Além disso, ela afirma que nenhuma das obras públicas investigadas no processo foi improdutiva ou desnecessária para o país.

Quem mais foi acusado?

Além da representante maior, foram acusados de participar da organização criminosa:

  • Julio de Vido, ex-ministro do Planejamento;
  • José Lopez, ex-secretário de Obras Públicas;
  • Nelson Periotti, ex-chefe da Direção Nacional de Estradas;
  • Lázaro Báez, empresário.

Sofreu atentado

A ex-presidente e atual vice da Argentina foi vítima de uma tentativa de assassinato no último mês de setembro, em Buenos Aires, em frente à sua casa. Ela é conhecida por ser uma política combativa, desafiadora e sarcástica, que acumula admiradores e críticos no país sul-americano.

O ataque a ela aconteceu na reta final do julgamento da gestora por corrupção nos mandatos à frente do Executivo nacional.

Desde essa época, a representante vem dizendo que a Justiça argentina quer bani-la e perseguir o peronismo — movimento político derivado do ex-presidente Juan Domingo Perón (1895-1974), do qual ela faz parte.