As quatro crianças — três meninas e um menino — indígenas que foram encontradas após mais de cinco semanas desaparecidas em uma selva no sul da Colômbia chegaram a Bogotá na manhã deste sábado (10) e estão recebendo tratamento médico em um hospital militar.
A informação foi dada pelo avô delas, Fidencio Valencia, de 47 anos, a repórteres, em frente à unidade de saúde onde os pequenos estão internados. "Acabei de olhar meus netos. Primeiro, eles estão vivos, estão muito acabadinhos, mas sei que estão em boas mãos", declarou o indígena huitoto. Ele garantiu ainda que as crianças estão bem e "felizes" por terem sido resgatadas.
"Eles estão felizes de ver a família [...], têm todos os sentidos completos [...] Temos de deixá-los quietinhos", enquanto se recuperam, pediu o avô.
Os irmãos foram tratados inicialmente por médicos militares que faziam parte das equipes de busca. Eles foram encontrados debilitados nessa sexta-feira (9), na província de Solano.
De acordo com as equipes de salvamento, as crianças estavam desidratadas e possuíam ferimentos leves, especialmente nos pés. "Fizemos todo o necessário para tornar possível o impossível, usando satélites, aeronaves que lançavam mensagens, que lançavam comida, que lançavam panfletos, que lançavam esperança", disse o general Pedro Sanchez, chefe do comando militar que participou das buscas.
Os militares colombianos revelaram as identidades das crianças, que se chamam:
- Lesly Mucutuy, de 13 anos;
- Soleiny Mucutuy, de 9 anos;
- Tien Mucutuy, de 4 anos;
- Cristin Mucutuy, de 1 ano.
'Filhos da floresta'
"Eles são filhos da floresta" e sabem como sobreviver na selva, elogiou o avô, Valência. Em entrevistas à AFP, ele e a avó das crianças disseram que a mais velha "é muito inteligente", "forte" e de natureza "guerreira", qualidades que lhe permitiram manter os irmãos a salvo.
"Estavam sozinhos. Eles conseguiram por conta própria. Um exemplo de sobrevivência total que ficará na história", acrescentou o presidente colombiano, Gustavo Petro. Para o chefe de Estado, agora, é necessário "verificar o estado mental deles", sobretudo porque tiveram de cuidar sozinhos de um bebê de colo.
Entenda o caso
Os irmãos estavam desaparecidos na Amazônia colombiana desde maio deste ano, quando um avião do modelo Cessna 206, com sete pessoas a bordo, que ia do aeroporto de Araracuara, em Caquetá, a San José del Guaviare, sofreu uma possível falha mecânica e caiu.
No acidente, três adultos, incluindo o piloto e a mãe das crianças, morreram. Os corpos foram encontrados dentro da aeronave. Os irmãos, no entanto, resistiram ao impacto, e passaram a sobreviver na selva.