Nave de empresa privada americana decola com missão de pousar na Lua

A missão IM-1 deveria ter decolado na quarta-feira (14), mas o lançamento foi adiado

Uma nave espacial americana decolou nesta quinta-feira (15) do Centro Espacial Kennedy com a missão de pousar na Lua, na segunda tentativa de uma empresa privada neste ano, após o fracasso de outro grupo em janeiro. A empresa Intuitive Machines, responsável pela missão IM-1, espera tornar-se a primeira instituição não governamental a realizar uma alunissagem suave no satélite natural da Terra e pousar em sua superfície o primeiro robô americano desde as missões Apollo, há mais de 50 anos.

O módulo de pouso Nova-C, de formato hexagonal e chamado de Odysseus, decolou à 1h06 desta quinta-feira (3h06 de Brasília) a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX do Centro Espacial Kennedy, na Flórida.

A missão IM-1 deveria ter decolado na quarta-feira (14), mas o lançamento foi adiado depois que SpaceX detectou temperaturas anormais durante a tentativa de abastecimento de combustível do módulo.

O módulo de alunissagem tem um novo tipo de motor de metano líquido e oxigênio super-resfriado que fornece a potência para chegar rapidamente ao seu destino, evitando uma longa exposição à região de alta radiação ao redor da Terra, conhecida como cinturão de Van Allen. Trent Martin, vice-presidente de sistemas especiais da Intuitive Machines, afirmou à imprensa que a "oportunidade para que os Estados Unidos retornem à Lua pela primeira vez desde 1972 é uma proeza da Engenharia que exige um verdadeiro desejo de explorar".

Apesar do atraso, a nave tem previsão de chegada em 22 de fevereiro ao ponto de alunissagem, Malapert A, uma cratera de impacto localizada a 300 quilômetros do polo sul lunar. A Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, espera estabelecer uma presença de longo prazo na Lua e coletar gelo para obter água potável e combustível para foguetes no âmbito do seu programa Artemis.

Carga 

A Nasa pagou 118 milhões de dólares (cerca de R$ 586 milhões) a Intuitive Machines para o transporte de equipamentos científicos até o satélite natural, para ajudar a compreender de modo mais eficiente e mitigar os riscos ambientais para os astronautas. Mas a nave transporta uma carga mais colorida, incluindo um arquivo digital do conhecimento humano e 125 pequenas esculturas da Lua do artista Jeff Koons.

Após o pouso, as cargas devem operar por sete dias, antes do início da noite lunar no polo sul, quando Odysseus ficará inoperante. A IM-1 é a segunda missão de uma iniciativa da Nasa criada para delegar serviços de carga ao setor privado para cortar custos e estimular uma economia lunar mais ampla.

A primeira, da empresa Astrobotic, foi lançada em janeiro, mas a nave Peregrine sofreu um vazamento de combustível e seu módulo de pouso teve que ser destruído deliberadamente em pleno voo. A alunissagem suave é um desafio porque implica navegar em um terreno instável, com um atraso de vários segundos na comunicação com a Terra, e utilizar os propulsores sem a presença de uma atmosfera que suporte paraquedas.

Apenas cinco países conseguiram tal feito: a União Soviética foi a primeira nação, seguida pelos Estados Unidos, que até hoje é o único país a colocar pessoas na superfície lunar. A China já posou três vezes desde 2013, a Índia conseguiu em 2023 e o Japão em fevereiro do ano passado, embora o módulo nipônico tenha enfrentado dificuldades para permanecer ativado.