Anticorpos neutralizantes da Covid-19 permanecem pelo menos oito meses no sangue, aponta estudo

Pesquisa italiana concluiu que somente três de 162 pacientes não testaram positivo para anticorpos nesse intervalo

Um estudo italiano divulgado nesta terça-feira (11) revelou que os anticorpos que neutralizam a Covid-19 ficam no sangue no mínimo durante oito meses após o contágio. Segundo o levantamento, apenas três pacientes de um total de 162 não testaram positivo para anticorpos depois de cerca de 34 semanas do diagnóstico.

A descoberta foi feita pelo Hospital San Raffaele de Milão (Norte), em parceria com o Instituto Superior de Saúde (ISS), que assessora o governo em matéria de saúde pública.

Esta é uma observação registrada "independentemente da gravidade da doença, da idade dos pacientes, ou da presença de outras patologias", afirma a pesquisa. "A presença de anticorpos, mesmo que diminuam com o tempo, é muito persistente", complementa.

Os pesquisadores italianos consideram que a presença precoce destes anticorpos é "fundamental para combater com sucesso o contágio, uma vez que quem não os produz nas duas primeiras semanas depois do contágio corre um maior risco de desenvolver formas graves de covid-19", ressaltaram.

Mapeamento

Publicado nesta terça-feira na Nature Communications, o estudo permitiu "mapear, de forma quase exaustiva, a evolução, no tempo, da resposta de anticorpos à Ccovid-19", estimam o ISS e o San Raffaele em nota conjunta. 

O estudo foi realizado acompanhando 162 pacientes testados positivos para SARS-CoV-2 (67% deles homens, com idade média de 63 anos), que compareceram à emergência do San Raffaele durante a primeira onda da pandemia na Itália.

Conforme o cronograma da pesquisa, as primeiras amostras de sangue foram coletadas quando receberam o diagnóstico do contágio, em março-abril de 2020, e as últimas, no final de novembro de 2020. 

Neste grupo, 57% sofriam de outra patologia além da Covid-19 no momento do diagnóstico. Os mais frequentes foram hipertensão (44%) e diabetes (24%).