A comunicação do encerramento de produção de algum modelo de carro costuma causar movimentação no mercado de seminovos, com desvalorização do veículo que sai de linha. A pandemia, contudo, inverteu essa situação.
De acordo com levantamento feito pela Webmotors em exclusividade para o Diário do Nordeste, nenhum dos modelos analisados que saíram de linha teve desvalorização nos últimos 12 meses; pelo contrário, ganharam valor.
O modelo com maior destaque foi o Volkswagen Up, que acumulou valorização de 17,95% nos últimos 12 meses. Em abril, a valorização do veículo chegou a 25,82%.
Para o diretor de marketing, comunicação e product designer da Webmotors, Rafael Constantinou, o resultado é reflexo de um cenário com paralisação de montadoras por falta de peças e maior busca por veículos particulares por questões sanitárias.
Carros fora de linha com maior valorização nos últimos 12 meses
- Volkswagen Up: 17,95%
- Toyota Etios: 15,17%
- Ford Ka: 10,74%
- Chevrolet Montana: 8,15%
- Citroën C3: 7,50%
O que fazer quando o veículo sai de linha
Quem possui um veículo que não será mais produzido deve analisar os resultados passados do modelo na hora de decidir se deve ou não vender o carro no momento e para ter noção da desvalorização ou valorização do veículo.
A venda não é a única opção para quem se encontra na situação. As montadoras continuam disponibilizando peças e manutenção mesmo para veículos fora de linha, então o carro pode continuar atendendo as necessidades do proprietário.
O head dealer Brasil da plataforma de venda de carros Karvi, Marcio Silva, destaca que a motivação da montadora em tirar um modelo de linha conta no quanto de valor aquele carro irá perder.
Se ele saiu de linha por falta de participação de mercado, ele passa a ser um seminovo com problema [para vendas]. Mas Kombi, Fusca, Up, Celta e Prisma, por exemplo, são carros que até hoje são muito valorizados no mercado porque tiveram muito sucesso no varejo quando estavam em linha, deixaram de estar em linha por problemas técnicos e estratégicos do mercado
Segundo ele, em alguns casos, a desvalorização do veículo pode atingir até os 35%. Normalmente, a maior perda de valor vem logo após o anúncio da montadora com relação à paralisação da produção do modelo.
Rafael ressalta, contudo, que a pandemia mudou os padrões com relação à desvalorização de carros fora de linha. “Muitas das regras que a gente tinha antes tão sendo mudadas agora no momento que o cliente tá muito buscando carro por questões de mobilidade, as variáveis podem ser outras. Ser fora de linha ou não pode ser menos importante”, diz.
Como vender
A venda de um veículo fora de linha exige entendimento de mercado por parte do proprietário. Antes de precificar, além da tabela Fipe, é importante realizar uma pesquisa para notar quais os preços médio, mínimo e máximo pelos quais aquele modelo está sendo vendido.
“Tentar entender quais os diferenciais desses carros que estão nas pontas. De repente tem um carro fora de linha, mas que tá super pouco rodado, bem conservado, e pode conseguir uma valorização”, indica Rafael.
Márcio chama atenção para o aquecimento atual do mercado de seminovos e aponta que o grande trunfo do vendedor é saber negociar para conseguir as melhores condições.
Ele destaca que para quem tem um carro que saiu de linha e não teve muito apelo na época em que ainda era fabricado, as boas condições de conservação do veículo e o networking são fundamentais para conseguir a venda.