Bursite é uma inflamação das bursas, que são pequenas bolsas que ficam entre ossos, tendões e músculos com o intuito de amortecer a fricção entre eles e facilitar o movimento. Essa inflamação pode ser aguda ou crônica.
Ela não ocorre apenas no ombro, apesar de o local ser o mais comum. No corpo humano existem mais de 150 bursas em diferentes localizações que podem vir a inflamar, como nos joelhos, ombros, quadris, cotovelos, tornozelos, entre outros.
De acordo com o médico ortopedista e traumatologista Heitor Dourado*, hoje vivemos uma epidemia de problemas ortopédicos. Sejam bursites, tendinites, artrose etc. Em grande parte isso ocorre por conta de maus hábitos, sedentarismo, alimentação desregrada, tabagismo e obesidade. “A vantagem é que esses são todos fatores tratáveis, e mudanças simples podem trazer uma melhor saúde física no geral, incluindo uma melhor função articular”, avalia.
O que é bursite?
No nosso corpo, os músculos têm uma relação muito próxima com os ossos. Em locais em que os ossos são mais “pontudos”, como acontece no ombro e no cotovelo, há uma estrutura, a bursa, que ajuda a evitar o atrito. “Ela é como uma bolsa cheia de líquido, o que ajuda a reduzir o atrito naquele local e melhorar a movimentação articular. A inflamação dessa estrutura é a famosa bursite”, explica o médico ortopedista.
Quais as causas?
“Há vários fatores para esse problema, mas costumo dizer que podemos sintetizar todos eles em um desequilíbrio entre a carga que colocamos naquela estrutura e o que ela estaria preparada para receber”, detalha Heitor Dourado.
Ele acrescenta que isso pode acontecer por uma fraqueza do local, como acontece nos pacientes com idade mais avançada, principalmente nas mulheres e pessoas sedentárias, ou por sobrecarga, podendo ocorrer de maneira aguda por um trauma ou até mesmo pelo esforço repetitivo crônico.
Como tratar?
Na bursite ocorrem dois problemas: um mecânico e um inflamatório. No primeiro, uma fraqueza muscular acaba gerando maior sobrecarga nas estruturas, acarretando uma inflamação local.
Na inflamação, os medicamentos costumam ter boa eficácia, garante o ortopedista. “A questão é que, se não resolvermos a fragilidade, certamente os sintomas vão retornar. Assim, temos que associar também um reforço da musculatura do ombro, chamada de manguito rotador, além de exercícios para fortalecer a cintura escapular. Isso pode ser conseguido por meio dos exercícios físicos ou, em casos mais avançados, pela fisioterapia”, indica Heitor Dourado.
Quais os sintomas?
O inicial é dor no ombro, principalmente ao realizar movimentos simples como levantar o braço, por a mão nas costas (por exemplo, ao fechar o sutiã) e ao pentear o cabelo. Outra característica importante, detalha o ortopedista, é ter dor à noite, o que acaba levando alguns indivíduos a mudar a posição de dormir e, em casos mais graves, até tira o sono dos pacientes.
Com a progressão, o paciente pode ter piora desses sintomas e evoluir com dificuldade em movimentar o ombro, apresentando sensação de fraqueza e estalidos.
Quais as contraindicações?
A verdade é que não há uma contraindicação formal para os pacientes com bursite, avalia Heitor Dourado. A ideia é que, com um tratamento bem empregado, eles consigam realizar todas as suas atividades.
Apenas durante a fase inflamada do processo, frisa o ortopedista, é pedido que se evitem movimentos com o braço acima da cabeça, adaptando as atividades de modo a mantê-los na altura do corpo. “Um exemplo prático disso é, ao invés de colocar objetos nos armários mais altos da casa, tentar utilizar os armários de altura intermediária”, comenta o ortopedista.
Qual a diferença entre bursite e tendinite?
A bursite é a inflamação da bursa. Nas tendinites, a inflamação já é mais grave por progredir para a região muscular (os tendões são a parte final do músculo, onde o muscular se insere no osso).
Nesses casos, os sintomas vão se tornando mais intensos. Além disso, a própria inflamação local pode gerar uma maior fragilidade dos tendões, predispondo essa estrutura a rupturas, ou seja, o tendão pode “rasgar”. Daí a grande importância do tratamento precoce, indica Heitor Dourado.
*Heitor Dourado é médico ortopedista e traumatologista formado pelo Instituto Dr. José Frota, com especialização em cirurgia do ombro e do cotovelo no Hospital Ortopédico de Belo Horizonte (MG). Atua como ortopedista com foco em tratamento de patologias do ombro, em Fortaleza.