'Educação para proteger o amanhã' é tema de campanha mundial contra diabetes

Atualmente, pelo menos 30% dos brasileiros com diabetes não sabem que têm a doença.

Dia mundial do diabetes é comemorado nesta segunda-feira (14). Visando educar a população e conter o avanço da doença, a campanha desse ano possui o tema "Educação para proteger o amanhã". A Federação Internacional de Diabetes (IDF) aponta que um em cada dez adultos vive com diabetes no mundo.

Segundo a IDF, são mais de 537 milhões de pessoas com idade entre 20 e 79 anos com a doença, e quase metade ainda não foi diagnosticada. Somente nas Américas do Sul e Central, 32 milhões de adultos sofrem de diabetes. O número pode chegar a 49 milhões em 2045, além das mais de 410 mil mortes somente ano passado.

SITUAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, existem cerca de 15,7 milhões de adultos com a doença. O país é o primeiro em número de casos na América Latina e o quarto no mundo, informa o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Levimar Araujo. Estima-se que, até 2045, a doença alcance 23,2 milhões no país.

Em estimativa divulgada pelo vice-presidente do Departamento de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Rodrigo de Oliveira Moreira, atualmente, pelo menos 30% dos brasileiros com diabetes não sabem que têm a doença.

"A educação é essencial, tanto do profissional da saúde, para conseguir diagnosticar, como para tratar o paciente de forma adequada. Este seria o primeiro ponto na educação: melhorar o diagnóstico desses pacientes e permitir que os médicos saibam identificar os pacientes de maneira adequada”
Rodrigo de Oliveira
Vice-presidente do Sbem

Em contrapartida, o Brasil encontra-se na terceira posição no ranking mundial entre os que mais gastam com o tratamento da doença, gastando anualmente US$ 42,9 bilhões de dólares. O país fica atrás apenas da China, com US$ 165 bilhões, e dos Estados Unidos, que tem US$ 379 bilhões gastos em tratamentos.

CAMPANHA

É considerada a maior campanha de conscientização, alcançando um público global de mais de 1 bilhão de pessoas, em mais de 160 países. O objetivo é levar o paciente a conhecer a doença, suas limitações e o que precisa saber para se tratar.

“É parte essencial para o tratamento. Vários estudos mostram que a educação no diabetes melhora o controle da doença, melhora os níveis de glicose, melhora o tratamento do diabetes de uma maneira geral”.

Serão doadas mais de 67 mil tiras de glicemia para mais de 250 farmácias e associações, que vão realizar gratuitamente os testes de glicemia capilar, popularmente chamado de "testes de ponta de dedo", visando melhorar o diagnóstico.

COMO É FEITO

No exame, é feita uma picada na ponta do dedo para obter uma gota de sangue, que é analisada em um aparelho chamado glicosímetro. O teste permite monitorar o nível glicêmico do paciente.

Levimar Araujo explicou que o teste deve ser feito duas horas após a refeição, e não em jejum, como os médicos costumam pedir.

 “Tem duas coisas que estamos batendo muito na tecla: é fazer esse exame duas horas depois da refeição e estar alerta para os sintomas do diabetes, que são sintomas clássicos, como acordar à noite para urinar; no caso da criança, começar a fazer xixi na cama”.
Levimar Araujo
Presidente da SBD

TIPOS DE DIABETES

Tipo 1: causado pela destruição das células produtoras de insulina, em decorrência de defeito do sistema imunológico em que os anticorpos atacam as células que produzem a insulina. Ocorre em cerca de 5 a 10% dos diabéticos.

Tipo 2: resulta da resistência à insulina e de deficiência na sua secreção. Ocorre em cerca de 90% dos diabéticos.

Diabetes Gestacional: é a diminuição da tolerância à glicose, diagnosticada pela primeira vez na gestação, podendo ou não persistir após o parto. Sua causa exata ainda não é conhecida.

Outros tipos: são decorrentes de defeitos genéticos associados com outras doenças ou com o uso de medicamentos.

SINTOMAS

Diabetes tipo 1

  • vontade de urinar diversas vezes;
  • fome frequente;
  • sede constante;
  • perda de peso;
  • fraqueza;
  • fadiga;
  • nervosismo;
  • mudanças de humor;
  • náusea;
  • vômito.

Diabetes tipo 2:

  • infecções frequentes;
  • alteração visual (visão embaçada);
  • dificuldade na cicatrização de feridas;
  • formigamento nos pés;
  • furúnculos.

FATORES DE RISCO

  • Obesidade (inclusive a obesidade infantil);
  • Hereditariedade;
  • Falta de atividade física regular;
  • Hipertensão;
  • Níveis altos de colesterol e triglicérides;
  • Medicamentos, como os à base de cortisona;
  • Idade acima dos 40 anos (para o diabetes tipo 2);
  • Estresse emocional.

TRATAMENTO, COMPLICAÇÕES E PREVENÇÃO

O tratamento correto do diabetes significa manter uma vida saudável, evitando diversas complicações que surgem em consequência do mau controle da glicemia.  Altas taxas de açúcar no sangue, por tempo prolongado, podem causar sérios danos à saúde: cegueira, insuficiência renal, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e amputação de membros inferiores.

Uma dieta saudável, atividade física e evitar o uso de tabaco podem prevenir ou retardar o diabetes tipo 2. Além disso, a doença pode ser tratada e suas consequências evitadas ou retardadas com medicamentos, exames regulares e tratamento de complicações.