Desidratação infantil: veja sinais, como tratar e como evitar

Reforçar a hidratação, consumir comidas leves e proteção solar são as principais medidas para enfrentar as temperaturas acima da média

Em meio à onda de calor que se espalhou pelo Brasil, pais e mães se deparam com mais uma preocupação para adicionar à lista das várias outras próprias de quem tem um filho: a melhor forma de manter os pequenos hidratados.

A nutricionista materno-infantil Karen Feder* afirma que lactentes e crianças são mais suscetíveis a ter desidratação por apresentarem necessidades hídricas maiores, já que possuem taxa metabólica mais elevada. “Além disso, há perda de líquidos por evaporação maior, por causa da relação da área de superfície e volume. E, o mais crítico, quando bebês não sabem diferenciar fome e sede ou então não conseguem pedir por líquido, além do caso das crianças, que não lembram de fato que precisam beber água”, comenta.

De acordo ainda com a nutricionista, crianças têm maior risco de desidratação pois brincam muito ao ar livre, e é importante que os pais saibam que a regulação da temperatura corporal delas não é tão eficiente. “[As crianças] Acabam produzindo muito mais calor que os adultos, mas suando muito menos por causa da superfície corporal”, diz. 

“O tratamento de uma desidratação sempre deve acontecer com orientação e supervisão médica. Nos casos leves, é possível fazer o tratamento em domicílio. Nos casos moderados ou graves vai ser necessário suporte hospitalar”, ressalta Karen.

O que é desidratação infantil

Ocorre quando há uma depleção ou perda de elementos fundamentais do organismo, no caso a água, geralmente acompanhada de depleção de eletrólitos.

Tipos de desidratação:

  • Hipertônica: acontece quando o corpo perde mais água que eletrólitos. É menos frequente. Pode ocorrer devido à ingestão de uma solução hipertônica ou à ocorrência de doenças, como a diabetes insipidus. 
  • Isotônica: quando o corpo perde a mesma quantidade de água e eletrólitos, podendo acontecer em quadros de diarreia e vômitos, frequentes em bebês e crianças, se agravando com o calor. 
  • Hipotônica: quando o corpo perde mais eletrólitos que água. Normalmente é causada por sudorese excessiva ou diarreia intensa.
  • Voluntária: pode ocorrer durante a prática esportiva, quando o corpo perde muitos eletrólitos na sudorese, ou em quem bebe muita água mesmo sem sentir sede. Não é comum na faixa etária infantil.

Sintomas da desidratação

Os sintomas variam de acordo com o grau apresentado pela pessoa, segundo a especialista.

  • Leve: tem sinais mínimos, podendo apresentar boca um pouco seca, aumento da sede e diminuição sutil da diurese.
  • Moderada: boca seca, taquicardia, diminuição importante ou ausência de diurese, letargia, olhos encovados (mais fundos), fontanela deprimida e perda de turgor da pele.
  • Grave: semelhante ao moderado, somados a pulso fino e rápido, ausência de lágrimas, cianose (coloração azulada da pele decorrente de oxigenação insuficiente do sangue), taquipneia, fluxo capilar retardado, hipotensão (pressão baixa), pele reticulada (ressecada) e coma.   

Cuidados para evitar a desidratação

  • Colocar proteção nas crianças: roupa com proteção UV, chapéu ou boné, além de protetor solar mesmo em atividades rotineiras;
  • Se possível, no momento de maior calor (entre 10h e 16h), manter crianças e bebês em ambiente climatizado e protegido;
  • Manter o aleitamento materno em livre demanda para os bebês e, se não estiver em aleitamento, a quantidade de fórmula deve ser bem dimensionada e na diluição correta;
  • Enviar garrafinhas de água para as escolas e conversar com as professoras para que ofereçam o líquido de forma frequente para as crianças. Em casa, os responsáveis devem manter a oferta regular; 
  • Manter todas as refeições, com todos os grupos alimentares.

Dicas de alimentação nos dias críticos

O que oferecer para os pequenos também demanda atenção em dias de temperatura intensa.

  • Oferecer líquidos na temperatura mais fria. Não tem problema oferecer água gelada;
  • Fazer picolé com o leite materno no caso de bebês menores;
  • Servir frutas geladas, como melancia, melão, laranja, tangerina e manga;
  • Preferir legumes que tenham mais líquido na composição, como abobrinha e chuchu;
  • Bater as frutas com um pouco de água e fazer picolé para os maiores de 12 meses; 
  • Não esquentar demais a comida na hora de servir. Basta que o alimento fique morno;
  • Para crianças maiores, que aceitarem, oferecer alimentos mais frescos como folhas, legumes crus e frutas;
  • Sempre cuidar para que os alimentos estejam apresentados no corte seguro para cada faixa etária.

Como tratar

Oferecer ou ingerir mais líquido que o cotidiano

A criança deve ingerir mais líquidos que o habitual, de preferência água ou soluções de reidratação oral, sucos ou chás (adequados à idade). Não deve ser utilizado refrigerantes nem adoçante de qualquer tipo em chá ou suco.

Manter a alimentação habitual

Continuar o aleitamento materno, em livre demanda. Se usar fórmula, manter a quantidade de mamadas habituais e checar com o pediatra ou nutricionista assistente se pode oferecer mais e quanto. Além disso, otimizar a ingestão de frutas, legumes e verduras

Se o paciente não melhorar em dois dias ou se apresentar qualquer um dos sinais indicados a seguir, a orientação é levá-lo imediatamente ao serviço de saúde:

  1. diarreia
  2. recusa de alimentos
  3. vômitos repetidos
  4. sangue nas fezes
  5. muita sede
  6. diminuição da diurese

*Karen Feder é nutricionista formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), com especialização em Suplementação Pediátrica Integrativa pela Academia Brasileira de Medicina Integrativa e pós-graduação em Nutrição Materno Infantil pela Fapes, certificada pelo Método Andréia Friques, além de terapeuta do sono dos bebês. Já atendeu mais de 4 mil famílias e é dona do perfil @karenfedernutri e do site karenfeder.com.br