Dormir bem é fundamental para o bom funcionamento do corpo. O sono é responsável pelo descanso do cérebro, da musculatura, da respiração e do coração. É durante este precioso momento que são liberados hormônios que interferem no metabolismo. Um sono de má qualidade, portanto, traz várias implicações para a saúde. Dentre as chamadas doenças que afetam o descanso noturno há a apneia do sono, distúrbio no qual o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração enquanto dorme.
“No geral, os pacientes associam o que sentem a um mau quadro de sono, acham normal ter noites mal dormidas, e isso é muito ruim”, avalia o médico otorrinolaringologista Renato Ponte*. Ele defende que a apneia do sono é uma doença muito frequente, embora grande parte dos indivíduos que a possui permaneça sem o diagnóstico. “O conhecimento dos sintomas facilita o reconhecimento da perturbação e a procura para diagnóstico e tratamento”, ressalta.
O que é apneia do sono?
A apneia do sono é caracterizada por episódios recorrentes de obstrução total das vias aéreas superiores durante o sono, causando uma diminuição da oxigenação no sangue e, consequentemente, uma fragmentação do sono da pessoa.
Tipos
A apneia pode ser classificada em:
- Apneia obstrutiva do sono: forma mais comum do distúrbio (mais de 80% dos casos), caracterizada pela obstrução nas vias aéreas superiores. Pode ser causada, explica o otorrinolaringologista, pelo relaxamento da musculatura do pescoço, pelo acúmulo de gordura cervical, assim como por fatores como amígdalas crescidas, desvio de septo nasal, retrognatismo (má oclusão dentária que altera a posição da mandíbula em relação à maxila),
- Apneia central do sono: ocorre por uma falha na comunicação entre o cérebro e o corpo, ou seja, o primeiro não envia o comando para a respiração. A apneia central pode ser motivada por doenças ou lesões cerebrais como AVCs e tumores cerebrais.
- Apneia mista do sono: é a associação entre a apneia obstrutiva e a central. É a forma menos comum.
O que provoca o distúrbio?
Pode ser causado por vários fatores ou uma associação deles. “Um dos principais causadores é o sobrepeso e/ou obesidade. A gordura acumulada no pescoço e no tórax estreita a passagem do ar nas vias aéreas superiores”, detalha o médico.
Fatores anatômicos também são causadores da perturbação como:
- retrognatismo;
- amígdalas crescidas;
- macroglossia (aumento excessivo da língua);
- desvio de septo nasal;
- hipertrofia dos cornetos nasais inferiores
Sintomas de apneia do sono
A apneia obstrutiva do sono pode ter os sintomas noturnos e os diurnos:
Noturnos:
- ronco alto e perturbador;
- apneia presenciada (pausa respiratória, asfixia ou engasgos);
- noctúria (algumas idas ao banheiro na madrugada);
- sudorese noturna
Diurnos:
- sonolência excessiva durante o dia;
- dores de cabeça pela manhã;
- fadiga (sensação de que dormiu mal);
- mau humor e irritabilidade;
- prejuízo na memória;
- piora na concentração;
- sintomas depressivos
Tratamentos para a condição
Vai depender do fator causal e da classificação da apneia em leve, moderada ou grave. “Quem irá dizer a classificação da apneia é o exame da polissonografia”, cita Renato Ponte.
O tratamento pode ser:
- clínico: controle da rinite, perda de peso, indicação do CPAP nasal ou oronasal.
- cirúrgico: retirada das amígdalas associada à plástica no palato e na faringe (uvulopalatofaringoplastia), correção do desvio de septo (septoplastia), remoção parcial dos cornetos nasais inferiores (turbinectomia parcial) ou cirurgia de avanço mandibular.
- outras medidas: aparelho intra-orais, mudanças posturais ao deitar.
Os aparelhos intraorais são realizados pelos dentistas especializados no tratamento dos roncos, descreve o médico. “Eles são colocados quando o paciente vai dormir. São bem indicados no caso daqueles que apresentam apneia do sono leve ou para quem não tolera o CPAP”, adiciona.
Principais dúvidas
Apneia do sono pode matar?
Como funciona o aparelho?
O que fazer para não ter apneia do sono?
É possível curar apneia do sono naturalmente?
É um problema hereditário?
Pode acontecer em bebês e crianças?
*Renato Ponte é médico otorrinolaringologista (UFCG). Diretor e médico da clínica Otorrino Saúde. Possui título de especialista em otorrinolaringologista concedido pela Aborl-CCF. Membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl- CCF). Membro da Sociedade Cearense de Otorrinolaringologia e Endoscopia Perioral (Scorlep).