Dois homens apontados como integrantes de um esquema criminoso que enviou pelo menos um drone para um chefe da facção carioca Comando Vermelho (CV), detido em um presídio cearense, foram soltos pela Justiça Estadual, na última segunda-feira (25). A dupla havia sido presa na Operação Falcão Noturno, na última quinta-feira (21).
A Vara de Delitos de Organizações Criminosas acatou um pedido de Liberdade Provisória feito pela defesa de José Salviano da Silva Lima, o qual também beneficiou Iran Rafael Farias. Os suspeitos terão que cumprir medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de se comunicar com outros investigados e proibição de acesso a telefone (celular ou fixo) e ao ambiente de internet.
A defesa de José Salviano da Silva Lima, representada pelo advogado Taian Lima, considerou que "são cada vez mais recorrentes prisões oriundas de Grandes Operações em que os alvos padecem durante anos no Sistema Penitenciário, para no final serem absolvidos ou o processo ser anulado por provas viciadas. No presente caso, o Judiciário foi zeloso e impôs medidas cautelares diversas da prisão, por entender suficientes".
José Salviano e Iran Rafael foram presos por força de mandados de prisão preventiva, por suspeita de participarem do envio de um drone para a Unidade Prisional Professor José Jucá Neto (UP-Itaitinga 3), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O equipamento eletrônico foi abatido por tiros efetuados por policiais penais, no dia 19 de agosto deste ano.
O drone abatido transportava um pacote, que continha outros acessórios eletrônicos: 4 smartwatches, 2 carregadores, 4 cabos de carregamento e 3 chips de celular. O material foi apreendido pela Polícia Penal.
Chefe de facção receberia material
Uma investigação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Ceará (Ficco/CE) e da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP) descobriu que o drone, abatido por policiais penais em um presídio cearense, em agosto deste ano, era destinado a um chefe da facção criminosa carioca Comando Vermelho que estava preso.
Mesmo já detido, Leandro Ferreira de Freitas foi alvo de um novo mandado de prisão preventiva, na Operação Falcão Noturno, na última quinta-feira (21). Cinco mandados de busca e apreensão também foram cumpridos pelos policiais, em endereços de Fortaleza e Itaitinga.
Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido na cela onde Leandro de Freitas já estava preso, na UP-Itaitinga 3. Smartwatches, aparelhos celulares, documentos e um artefato eletrônico (semelhante a um "carregador artesanal") foram apreendidos no local.
A investigação da Ficco aponta que a quadrilha alvo da Operação Falcão Noturno é ligada à facção Comando Vermelho e se especializou no uso de drones para atividades criminosas. O grupo atua principalmente no bairro Bonsucesso, em Fortaleza.
Leandro Ferreira de Freitas, que receberia o pacote transportado pelo drone, seria uma liderança da organização criminosa. O objetivo da quadrilha era criar um canal de comunicação com o chefe, para planejar novos crimes.
O suposto chefe do CV já foi denunciado pelo MPCE, com outras três pessoas, por participar do planejamento do assassinato de um policial militar e da sua mãe, em Fortaleza.
A Ficco irá aprofundar a investigação, a partir da análise do material apreendido na Operação, com os objetivos de elucidar se a quadrilha enviou drones outras vezes ao Sistema Penitenciário e de identificar outros envolvidos no esquema criminoso.