Seis policiais militares viraram alvos de uma investigação administrativa na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD) e foram afastados das funções, por suspeita de se reunirem para assassinar membros de uma facção criminosa carioca, no bairro Pirambu, em Fortaleza. Cinco PMs acabaram baleados no tiroteio, e um deles foi preso dentro do hospital acusado de chefiar uma organização criminosa formada por PMs.
[Atualização: 12/03/2024, às 15:32] O Conselho de Disciplina, publicado pela CGD no Diário Oficial do Estado (DOE) da última segunda-feira (11), investigará a conduta dos cabos da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Igo Jefferson Silva de Sousa, Anderson Cordeiro de Sousa Eufrásio, José Heliomar Adriano de Souza Filho e Daniel Araújo Costa e dos soldados Peron Vitor Oliveira Matos e Jakson Waldeny Ferreira. Os seis PMs também foram afastados da Corporação.
Conforme o documento, "os citados policiais militares teriam ido à Comunidade do Caldeirão/ Areia Grossa, no Pirambu, no dia 17/02/2024, com o intuito de assassinar indivíduos pertencentes à facção Comando Vermelho, em represália à morte do Sd PM Bruno Lopes Marques, no dia 12/02/2024, sendo no local surpreendidos e lesionados por criminosos armados".
A documentação apresentada reuniu indícios de materialidade e autoria, demonstrando, em tese, a ocorrência de conduta capitulada como infração disciplinar por parte do militar acima mencionado, passível de apuração a cargo deste Órgão de Controle Externo Disciplinar."
Ainda segundo a CGD, os policiais militares também são suspeitos de matar dois homens e balear um terceiro, no dia 15 de fevereiro último, nos bairros Carlito Pamplona e Cristo Redentor, em Fortaleza. Os crimes também teriam sido cometidos em retaliação à morte do soldado Bruno Lopes.
Atuação de milícia em Fortaleza
Um dos policiais investigados pela CGD e baleado no tiroteio ocorrido no Pirambu, no dia 17 de fevereiro último, o cabo Igo Jefferson Silva de Sousa acabou preso preventivamente, por força de um mandado expedido pela Justiça Estadual, dentro do hospital - onde se recuperava de um tiro sofrido no maxilar.
O cabo Igo Jefferson é um dos 10 policiais militares denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), por integrar uma organização criminosa que cometeria crimes como homicídios, extorsões, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, nas regiões do Grande Pirambu e da Barra do Ceará.
Os PMs foram acusados pelo Gaeco após investigações realizadas em parceria com a Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS). O grupo foi considerado como uma milícia.
"A partir daí chegou-se ao nome de alguns policiais militares que estariam envolvidos com práticas ilícitas. Concomitantemente, aportou no presente órgão ministerial, denúncia anônima que dava conta da suposta existência de uma milícia no bairro Barra do Ceará, na qual policiais militares estariam realizando crimes de extorsão, homicídios, etc", descreveu o Gaeco, na denúncia.