A Justiça do Ceará condenou seis homens por organização criminosa e tráfico de drogas. O grupo foi denunciado no ano de 2019 em meio a uma leva de expulsão de moradores do conjunto habitacional Cidade Jardim, em Fortaleza. Conforme sentença divulgada no Diário da Justiça Eletrônico dessa terça-feira (15), as penas somam 75 anos e 10 meses de prisão, inicialmente em regime fechado.
Foram condenados: Francisco Júnior Ferreira, João Paulo Ferreira Alves, Francisco Breno Sales dos Santos, Francisco Mateus da Silva Nunes, Antônio Wellington de Lima Martins e Michel Mota Bezerra da Silva. Segundo a Polícia, Francisco Júnior e João Paulo utilizavam drones para monitorar a chegada da Polícia ao condomínio.
Ainda na mesma decisão, o magistrado da Vara de Delitos de Organizações Criminosas absolveu Virgiane Távora de Araújo de Antônio das Graças Martins por insuficiência de provas. Para o juiz, na denúncia, o Ministério Público do Ceará não apresentou elementos suficientes para condenação de Virgiane e Antônio das Graças.
O que se tinha contra a mulher era apenas o depoimento de um dos condenados apontando o fato de ela ser companheira de Francisco Breno. Já contra Antônio das Graças "os únicos elementos que existem contra ele é seu depoimento na fase inquisitorial, que não foi ratificado em fase judicial". A reportagem não conseguiu contato com os advogados de defesa dos condenados.
Veja as penas
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Francisco Júnior Ferreira (Dedé) - organização criminosa 10 anos e tráfico de drogas cinco anos e 10 meses
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João Paulo Ferreira Alves - organização criminosa sete anos e seis meses e tráfico de drogas cinco anos
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Francisco Breno Sales dos Santos - organização criminosa seis anos e três meses e tráfico de drogas cinco anos
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Francisco Mateus da Silva Nunes - organização criminosa seis anos e três meses e tráfico de drogas cinco anos
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Antônio Wellington de Lima Martins - organização criminosa sete anos e seis meses e tráfico de drogas cinco anos
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Michel Mota Bezerra da Silva - organização criminosa 7 anos e seis meses e tráfico de drogas cinco anos
Acusação
Consta na denúncia recebida pela Justiça em fevereiro de 2019 que, ainda em 2018, uma investigação policial foi iniciada com intuito de coletar informações sobre uma facção criminosa de origem cearense, com atuação na Cidade Jardim. No decorrer da investigação, policiais civis estiveram em apartamentos no conjunto habitacional e constataram que "esses apartamentos e os atuais moradores não são os que estavam cadastrados na relação da Caixa Econômica Federal, digo ainda que os moradores afirmam pagar aluguel e não informam a quem".
Denúncias anônimas garantiram que o Francisco Júnior Ferreira, conhecido como 'Dedé' foi quem expulsou os moradores destes apartamentos. Em cumprimento de mandado judicial de busca na residência de Dedé, a Polícia encontrou chaves de diversos imóveis e o prendeu.
Já em depoimento, Francisco Júnior teria negado integrar a facção, assim como negou ter ordenado a desocupação de imóveis naquela região. Ainda durante as diligências, as autoridades chegaram aos nomes dos demais envolvidos. Dentre eles, há quem também apontou 'Dedé' como a pessoa que "comandava o condomínio".
Com efeito, resta evidenciado que o tráfico de drogas e a expulsão de moradores acontecia rotineiramente no condomínio. Diante dessa situação, a autoridade policial iniciou investigação e comprovou a autoria delitiva dos integrantes da Orcrim GDE no Cidade Jardim"
Expulsões
A dinâmica das expulsões de moradores das suas casas devido aos confrontos entre facções é cotidianamente percebida em Fortaleza nos últimos anos. Além da Cidade Jardim, comunidades como Babilônia, Dias Macedo, Sítio São João e Carlito Pamplona e também localidades na Região Metropolitana foram algumas das áreas afetadas pelo crime organizado. Em 2019, um policial militar chegou a ser expulso da sua residência, em Caucaia, por faccionados.
Já neste ano, a Justiça manteve prisão preventiva contra oito membros de uma facção acusados de assassinar um casal que se negou a sair de casa, no Bom Jardim. As vítimas resistiram à expulsão e foram assassinadas na frente dos filhos.