A Justiça do Ceará decidiu manter na lista vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol, nomes de três acusados foragidos há cinco anos pelas mortes de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca'.
Nessa terça-feira (6), colegiado de juízes da Vara Única Criminal de Aquiraz determinou a manutenção das notificações em desfavor de: Erick Machado Santos, o 'Neguinho da Baixada', Renato Oliveira Mota e Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos. O trio também é réu de participar de uma facção paulista.
Conforme os magistrados, "os acusados sobre os quais recaem as prisões preventivas decretadas tratam-se de pessoas envolvidas em organização criminosa com atuação em âmbito nacional e internacional, cujos indícios constantes na presente ação penal indicam que os mesmos estejam em outro país estrangeiro ou mesmo em território brasileiro na iminência de evasão".
"Para fins da efetiva aplicação da lei penal, conveniência da instrução criminal e garantia da ordem pública, considerando ainda a Instrução Normativa nº 1 de 10 de fevereiro de 2010 do CNJ que dispõe sobre a indicação da condição de foragido ou estadia no exterior em relação às pessoas com mandados de prisões preventivas decretadas, decidimos pela manutenção dos denunciados relacionados no Canal de Difusão Vermelha da Interpol".
O colegiado de juízes também afirma se comprometer a requerer formalmente a extradição caso os procurados sejam localizados e presos no exterior.
QUEM SÃO ELES
Há mais de cinco anos as autoridades buscam localizar e prender Erick, Renato e Jussara. Erick Machado, por exemplo, é apontado como líder da facção na área da Baixada Santista. O 'Neguinho Rick' chegou a ser julgado em 2021 e condenado na 3ª Vara Criminal do Guarujá, a seis anos e seis meses por associação à organização criminosa.
Ele foi visto por policiais em São Paulo pela última vez no ano de 2016. Na ocasião, estava baleado no rosto e procurou atendimento médico, em posse de um documento falso. 'Neguinho Rick' repetiu o modus operandi em Fortaleza, quando em 2018 se hospedou em um hotel acompanhado dos comparsas, dias antes do duplo homicídio.
De acordo com a investigação, Maria Jussara e o filho dela, Jefte Ferreira, vieram de Guarulhos, em São Paulo, dois dias antes do crime e recepcionaram quatro dos sete suspeitos que participaram diretamente dos assassinatos. Jussara teria pago a última diária dos quatro homens no flat em que ficaram hospedados nos dias anteriores às mortes de ‘Gegê’ e ‘Paca’.
Renato Oliveira Mota teria ajudado os executores na logística de movimentação para o ataque cinematográfico. Renato aparece nas investigações como suspeito de ter levado de carro Carlenilto, Tiago e Wagner “Cabelo Duro”, outros acusados pelo crime, até o hangar utilizado no ataque.
O DUPLO HOMICÍDIO
O atentado cinematográfico que resultou nas mortes de duas lideranças de uma facção paulista aconteceu no dia 15 de fevereiro de 2018, na Região Metropolitana de Fortaleza. O caso foi tratado inicialmente como achado de cadáveres sem identificação. No entanto, dias depois, os parentes reconheceram os corpos e a Polícia começava a obter as primeiras informações sobre a estadia da 'cúpula do crime organizado' no Ceará.
O processo segue em andamento, já tendo o Ministério Público do Ceará (MPCE) apresentado memoriais finais. Além do trio na lista vermelha da Interpol, a ação penal envolveu os réus: Gilberto Aparecido dos Santos, o 'Fuminho'; André Luís da Costa Lopes, o 'Andrezinho da Baixada'; Carlenilto Pereira Maltas; Jefte Ferreira Santos (filho da Jussara); e Tiago Lourenço de Sá Lima;