Pistoleiro do PCC é condenado a pena de 32 anos

Wilson Trajano foi julgado, ontem, por um duplo homicídio cometido na cidade de Tabuleiro do Norte

Apontado como um dos primeiros membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), no Ceará, o réu José Wilson Trajano de Almeida foi condenado, ontem, por um duplo homicídio, pelo Conselho de Sentença da 1ª Vara do Júri de Fortaleza, no Fórum Clóvis Bevilaqua. O crime aconteceu há 19 anos, em junho de 1998. A pena foi estipulada em 32 anos.

O júri começou às 9h40 e se prolongou até 19 horas. Wilson Trajano foi trazido da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte para participar do julgamento. O Fórum contou com reforço do efetivo policial, durante o dia, para receber o detento e dirimir o risco de que ele fosse resgatado.

Utilizando muletas para se locomover, o acusado respondeu a todas as perguntas e negou participação no crime, durante o interrogatório do juiz Eli Gonçalves Júnior; e do representante do Ministério Público do Ceará (MPCE), promotor Marcus Renan Palácio. "Eu não estava em Tabuleiro, estava viajando. Fiquei sabendo por terceiros. Era caminhoneiro na época", alegou o réu, referindo-se à madrugada em que foram mortos Antônio Edmílson Holanda Moreira e Edivanir Freire Galvão.

Para a acusação, não há dúvidas que Wilson Trajano participou da ação criminosa que objetivava matar apenas Antônio Edmílson, por queima de arquivo. Acusado e vítima fariam parte de um mesmo grupo criminoso, mas Edmílson estaria prestes a trair o bando e delatar os demais integrantes, acerca do homicídio do subtenente PM Vicente Bezerra, em 25 de setembro de 1994, segundo a versão defendida pelo Ministério Público.

A defesa do réu, representada pelo advogado José Erismar Ferreira Lima, sustentou a negativa de autoria. "Não há nenhum elemento que sirva de base para uma condenação. De acordo com os elementos constantes nos autos, ele (Wilson) não participou de maneira nenhuma", afirmou o advogado.

Crime

De acordo com os autos do processo, Wilson Trajano e seu bando cercaram uma residência na localidade de Barra do Feijão e executaram Antônio Edmílson e Edivanir Galvão. Mais quatro familiares das vítimas foram alvejados, mas resistiram.

O inquérito policial identificou e o MPCE denunciou Wilson Trajano, Euclides Elias Cazuza, João Pinheiro Maia, Osterne Maia e Francisco Idney de Lima Oliveira, por participarem no crime. Todos os réus, com exceção de Wilson, morreram nos anos seguintes. O antigo membro do PCC já responde por homicídio, sequestro, tráfico de drogas e roubos a bancos e carros-fortes, além de ser apontado como o líder de rebeliões e fugas no Sistema Penitenciário. Ele já passou por várias penitenciárias do Estado e por duas unidades federais de segurança máxima.