Jovem é encontrado morto em Iguatu e polícia aponta relação com 'rituais de magia negra'

Jheyenderson de Oliveira Xavier, de 25 anos, foi atingido com dois tiros na cabeça

Os moradores da cidade de Iguatu estão chocados com a morte do estudante Jheyenderson de Oliveira Xavier, conhecido por Jhey, de 25 anos, cujo corpo foi encontrado nesta quarta-feira (23) em uma cova localizada em um matagal do sítio Canto, no distrito de Suassurana, zona rural do município. A vítima foi morta com dois tiros na cabeça.

Segundo a polícia, dois homens foram presos em flagrante acusados de participação direta no homicídio do estudante, ocultação de cadáver e posse ilegal de arma de fogo. Os suspeitos foram identificados como Roberto Alves da Silva, de 41 anos, e Gleudson Dantas Barros, 30 anos.

Para o delegado de Polícia Civil de Iguatu, Wesley Alves, a motivação do crime está relacionada com rituais de magia negra. “Essa é a nossa principal linha de investigação”, frisou. “Na casa dos acusados, encontramos vários livros de magia negra e ocultismo, um revólver calibre 38 municiado, duas cápsulas calibre 38 deflagradas, o aparelho celular da vítima, esculturas de entidades relacionadas ao ocultismo, um crânio humano, além de outros objetos relacionados a rituais satânicos”, pontuou Alves. Os acusados negam participação no crime. 

Desaparecido

Na sexta-feira passada (18), Jhey desapareceu. A população local, então, realizou manifestações nas redes sociais para divulgar a foto do jovem e auxiliar nas buscas. Parentes realizaram buscas na cadeia, IML e hospitais e buscaram informações em empresas de ônibus. A mobilização continuou até esta quarta-feira, quando uma equipe de investigação da Delegacia Regional de Polícia Civil de Iguatu, após rebeber informações anônimas, localizou o corpo do jovem, enterrado em uma cova com mais de um metro de profundidade e distante cerca de 10 metros da casa onde estavam os acusados.

“Os dois acusados são praticantes de rituais de magia negra”, reforçou o delegado regional, Jeffirson Pereira. Os suspeitos estão presos na Cadeia Pública de Iguatu.

Repercussão

A morte do estudante do curso de Serviço Social do Instituto Federal de Educação (IFCE), campus de Iguatu, obteve ampla repercussão na região Centro-Sul cearense. O corpo dele foi enterrado nesta quarta-feira, no cemitério Parque da Saudade, em Iguatu.

Jhey Oliveira integrava o movimento Levante Popular da Juventude – Ceará desde 2013. A entidade divulgou nota afirmando que ele "nunca abriu mão de lutar em defesa da juventude brasileira, pelo fim de todas as opressões, de preconceitos e em especial a população LGBT". O campus do IFCE em Iguatu suspendeu as aulas nesta quarta-feira e também divulgou nota de pesar sobre a morte do estudante, prestando solidariedade à família e aos colegas de curso.

Nas redes sociais, no Facebook houve várias manifestações, mensagens de solidariedade e de apoio à luta do jovem assassinado. O padre João Batista Gonçalves, pároco da Igreja Matriz de Nossa do Perpétuo Socorro, no Prado, em Iguatu, e psicólogo clínico, divulgou nota analisando o crime:

“O rapaz assassinado era homossexual e militante do movimento LGBT. Na vida de tantos jovens com este perfil, a  cultura e a sociedade preconceituosas, também perpassadas por contextos familiares e comunitários de exclusão e fundamentalismos religiosos, desenvolvem posturas tantas vezes excludentes e geradoras de precariedade e vulnerabilidade psicológica nestes que já sofrem tanto com as crises pessoais de identidade", disse.