Homem relata em júri ter sido agredido e baleado ao socorrer vítimas da chacina do Curió

A testemunha de 37 anos passou 21 dias no hospital à época e, até hoje, vive com três balas alojadas no corpo

O segundo sobrevivente a depor no Tribunal do Júri da Chacina do Curió acabou agredido e baleado na noite de matança após sair da própria casa para ajudar vítimas. O homem de 37 anos relatou, na tarde desta terça-feira (20), que ouviu gritos e, quando foi para a rua, viu corpos no chão. O depoimento dele terminou às 17h05.

Ele ajudou a socorrê-los e colocou as vítimas na caçamba de seu carro. Entretanto, homens armados tentaram interceptar o veículo e ele teve de se jogar da janela para fugir. 

A testemunha acabou se escondendo em uma churrascaria, mas foi encontrado e levou socos e chutes, além de ser alvejado disparos de arma de fogo. A vítima disse em júri que foi questionado pelos agressores "se ele sabia quem matou um policial". 

O homem foi levado ao hospital, onde descobriu que levou oito tiros. Ele passou 21 dias no hospital e, até hoje, vive com três balas alojadas no corpo. 

Primeiro depoimento 

O Tribunal do Júri está em fase depoimentos de vítimas e testemunhas de acusação contra os quatro PMs réus. Nesta tarde, os sobreviventes da Chacina do Curió, que terminou com 11 mortos em 2015. O primeiro a depor, um homem de 28 anos, relatou no julgamento que levou entre 8 e 12 tiros de homens armados que se apresentaram como policiais para rendê-los. Ele confessou que tem medo da polícia.  

"Se eu quiser prestar um B.O dentro de uma delegacia, por roubo de celular, eu prefiro ficar sem celular", desabafa. 

O jovem depôs que estava na calçada de casa com amigos conversando e ouvindo música. Eles pretendiam passar a noite jogando videogame juntos quando foram surpreendidos pelos executores, que os mandaram ficar de joelhos. A vítima contou que levou um chute antes de ser alvejado pelos tiros. Naquela noite, ele perdeu quatro amigos.