O hacker que invadiu e clonou o aparelho celular do ex-governador do Ceará, Camilo Santana, e ainda tentou aplicar golpes em seu nome, foi condenado a reclusão pela Justiça Estadual, no último dia 18 de abril, oito meses após o crime. Um comparsa do hacker também foi sentenciado, por outros crimes.
Leonel Silva Pires Júnior foi condenado a 7 anos de reclusão, a serem cumpridos inicialmente em regime semiaberto, pelos crimes de estelionato tentado, lavagem de dinheiro e associação criminosa, por decisão da 2ª Vara Criminal de Fortaleza.
Considerando-se a prolação desta sentença condenatória, como também atento às circunstâncias judiciais desfavoráveis ao réu (Leonel Júnior) e existindo dados que o autuado se envolveu em outros delitos de mesma natureza, é de se concluir que, reiteradamente, vem cometendo crimes da mesma espécie, mostrando, com isso, conduta criminosa habitual, a justificar a prisão preventiva, na medida em que a segregação objetiva garantir a ordem pública contra a repetição de ofensas a outros bens penalmente tutelados por normas penais incriminadoras."
Já Victor da Silva Lima foi sentenciado a 5 anos de reclusão, que também devem ser cumpridos inicialmente em regime semiaberto, pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Para ele, ao contrário de Leonel, o magistrado concedeu o direito de recorrer da condenação em liberdade.
Quanto aos bens apreendidos com os réus, o juiz Antônio José de Norões Ramos concedeu a utilização de dois veículos, um Land Rover Discovery e um Fiat Cronos, para a Polícia Civil do Ceará (PC-CE); o perdimento e a destruição de aparelhos celulares, notebooks e cartões bancários; e a doação de outros equipamentos eletrônicos - como drone, aspirador robô, câmera e maquinetas de cartão - a uma associação beneficente.
Acusado tentou aplicar golpes no nome de Camilo
Leonel Silva Pires Júnior invadiu e clonou o celular do governador do Ceará, Camilo Santana, com o objetivo de desviar verbas públicas (como já tinha feito com outras autoridades), segundo a investigação da Polícia Civil do Ceará. Ele foi preso em uma residência de alto padrão em São Luís, no Maranhão, no dia 8 de agosto do ano passado.
O nome do governador Camilo Santana foi utilizado em redes sociais clonadas para tentar acessar um recurso do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que era destinado a um município do Pará, no dia 4 daquele mês. Quatro horas depois, a Polícia Civil conseguiu bloquear o acesso do hacker ao celular do ex-governador.
O hacker também teria tentado clonar o aparelho celular de um ministro do Governo Federal, outros dois governadores e pelo menos cinco prefeitos. Os nomes das autoridades e os Estados onde atuam não foi revelado pela Polícia.
No curso da investigação, a Polícia Civil chegou a dois comparsas de Leonel Júnior nos outros golpes: Victor da Silva Lima, que também foi acusado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) e condenado pela Justiça; e uma mulher, que teve o processo criminal desmembrado.
Suspeito ostentava em São Paulo antes da prisão
A Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD) e o Departamento de Inteligência Policial (DIP) descobriram que Leonel Júnior estava em São Paulo. Segundo os investigadores, o suspeito estava "ostentando" na capital paulista com dinheiro proveniente de golpes, em restaurantes e hotéis luxuosos.
Uma equipe policial se deslocou para São Paulo, mas Leonel viajou para a sua terra natal, São Luís, onde outra equipe policial também o esperava. Na capital maranhense, os agentes de segurança conseguiram cumprir um mandado de prisão preventiva contra o hacker, em uma residência de alto padrão onde ele morava.
No imóvel, a Polícia apreendeu três veículos (um Land Rover Discovery, um Fiat Cronos e um UTV – veículo utilitário multitarefas), aparelhos celulares, notebooks, drone e maquinetas para cartões magnéticos. Entre o material, estavam um celular e um notebook utilizados pelo suspeito para clonar o aparelho do governador Camilo Santana.