Dezenas de crianças e adolescentes jogavam futebol. Outras pessoas só assistiam. O clima de diversão, na Areninha do Barroso, em Fortaleza, na noite da última segunda-feira (23), foi interrompido por tiros. A principal suspeita da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) é que o tiroteio foi motivado pela disputa de territórios entre facções criminosas.
Um adolescente de 14 anos foi morto - suspeita-se que atingido por "bala perdida" - e outras três pessoas (dois adolescentes de 12 e 13 anos e um adulto de 29 anos) ficaram feridas. Dois suspeitos foram presos em flagrante, na madrugada de terça (24), por participação na tentativa de chacina.
Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, o ataque criminoso foi praticado por uma facção cearense, que controla o tráfico de drogas na comunidade do Gereba.
A principal linha de investigação da 3ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) aponta que o objetivo dos criminosos era intimidar uma facção rival, de origem carioca, que domina a comunidade do João Paulo II, no Barroso - onde fica localizada a Areninha. A Polícia Civil ainda investiga se o tiroteio tinha um alvo específico.
Polícia montou cerco para chegar aos suspeitos
Os tiros que atingiram as quatro pessoas teriam sido efetuados por três homens, que contavam com o apoio de um quarto suspeito, que dirigia um carro, na ação criminosa.
Ao tomar conhecimento da tentativa de chacina, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) montou um cerco na região, para chegar aos suspeitos, com a participação de policiais civis e militares e a presença do secretário da Pasta, Samuel Elânio.
Dois suspeitos de efetuar os disparos foram identificados e presos em flagrante, poucas horas após a ação criminosa. Edivanio da Silva Nascimento, conhecido como 'Pequeno', de 22 anos, e Lucas Félix de Sousa, o 'Rádio 100', de 26 anos, já haviam sido presos neste ano e estavam soltos há apenas dois e cinco meses, respectivamente.
Ao serem interrogados na Polícia Civil, tanto Edivanio como Lucas negaram integrar uma facção criminosa e ter participado do ataque a tiros na Areninha.
A 17ª Vara Criminal - Vara de Audiências de Custódia, da Justiça Estadual, converteu as prisões em flagrante dos dois suspeitos em prisões preventivas, na última terça-feira (24), devido a gravidade do crime e o risco social que oferecem ao estarem soltos.
"A conduta praticada pelos imputados é de concreta gravidade, pois há indícios de que os conduzidos integram organização criminosa armada e se reuniram, em um número elevado de agentes, para praticar um grave homicídio consumado e quatro tentativas de homicídio (pluralidade de vítimas), realizada em local de grande movimentação, conhecido como Areninha do João Paulo II, onde jovens frequentam para prática de esportes, abalando demasiadamente as pessoas daquela comunidade pelo modo frio de agirem, tendo testemunhas ressaltado a grande quantidade de disparos de arma de fogo no local do delito (cerca de trinta)", considerou a juíza.