Dono de falsa casa espírita no Crato é preso sob suspeita de estuprar e torturar mulheres

O homem prometia fazer curas espirituais, mas dopava as vítimas para praticar os crimes

O dono de uma falsa casa espírita no Crato, na Região do Cariri, foi preso na manhã desta sexta-feira (10). Ele é suspeito de estuprar e torturar mulheres durante rituais de purificação para suposta cura espiritual.

Francisco José Alexandre de Sousa, 52, ex-técnico de enfermagem e proprietário do "Lar Espírita Maria de Nazaré", no bairro Mirandão, teve o mandado de busca e prisão expedido pela 1ª Vara Criminal.

A ordem judicial foi cumprida pela Polícia Civil na Operação "Santo Nome em Vão", cujo nome faz referência ao segundo dos 10 mandamentos da Lei de Deus. 

Segundo as investigações, o suspeito prometia curar as doenças relatadas pelas mulheres ministrando remédios. As vítimas, no entanto, eram dopadas e submetidas a estupro e a sessões de tortura. Ele argumentava que os atos serviam para tirar espíritos impuros.

A Polícia Civil fará uma entrevista coletiva, ao meio-dia, para repassar mais detalhes sobre a operação.

Velas, álcool e banho medicinal

O falso religioso praticava ainda rituais com velas, momento em que uma das denunciantes sofreu queimadura na mão, além de bebidas alcoólicas e banhos medicinais para a prática de atos libidinosos.

As vítimas relataram à polícia que Francisco José também as ameaçavam. Uma delas teve a arma apontada na cabeça após ele alegar que ela era sua "prometida". Esta desculpa era dada para "várias mulheres" sob a justificativa de que sua esposa estava prestes a falecer.

O advogado João Paulo Peixoto, responsável pela defesa de três vítimas, afirmou que as mulheres relataram agressões física e psicológica por parte do falso líder religioso. Uma delas quis atentar contra a própria vida diante das múltiplas violências.

"São atrocidades, inclusive uma delas chegou a tentar suicídio por conta da pressão psicológica e do sofrimento que teve por todo esse tempo de agressões verbais, físicas e ameaça", disse.