Há quatro anos, autoridades buscam localizar e prender os réus Erick Machado Santos, Renato Oliveira Mota e Maria Jussara da Conceição Ferreira dos Santos. Eles são acusados de participar de um duplo homicídio em uma reserva indígena na Região Metropolitana de Fortaleza, com repercussão internacional.
O trio denunciado pelas mortes dos líderes da facção de origem paulista e com atuação na América Latina, Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', agora integra a lista vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Contra eles há ainda mandados de prisão em aberto em nível nacional.
Conforme documentos que a reportagem do Diário do Nordeste teve acesso, os réus foram denunciados por integrar organização criminosa e parte deles apresentam ocorrências e antecedentes criminais "a revelar a reiteração criminosa e a estrita necessidade da custódia preventiva".
Erick Machado, por exemplo, é apontado como líder da facção na área da Baixada Santista. O 'Neguinho Rick' chegou a ser julgado em 2021 e condenado na 3ª Vara Criminal do Guarujá, a seis anos e seis meses por associação à organização criminosa.
Ele foi visto por policiais em São Paulo pela última vez no ano de 2016. Na ocasião, estava baleado no rosto e procurou atendimento médico, em posse de um documento falso. 'Neguinho Rick' repetiu o modus operandi em Fortaleza, quando em 2018 se hospedou em um hotel acompanhado dos comparsas, dias antes do duplo homicídio.
A ordem para assassinar as vítimas partiu de dentro da facção a qual pertenciam. Foi apurado que a dupla vinha lavando dinheiro do tráfico no Ceará e levando uma vida de luxo
QUAL PAPEL DOS ACUSADOS NO CRIME
De acordo com a investigação, Maria Jussara e o filho dela, Jefte Ferreira, vieram de Guarulhos, em São Paulo, dois dias antes do crime e recepcionaram quatro dos sete suspeitos que participaram diretamente dos assassinatos. Jussara teria pago a última diária dos quatro homens no flat em que ficaram hospedados nos dias anteriores às mortes de ‘Gegê’ e ‘Paca’.
Renato Oliveira Mota teria ajudado os executores na logística de movimentação para o ataque cinematográfico. Renato aparece nas investigações como suspeito de ter levado de carro Carlenilto, Tiago e Wagner “Cabelo Duro”, outros acusados pelo crime, até o hangar utilizado no ataque.
PROCESSO EM ANDAMENTO
A ação penal acerca das mortes dos líderes da facção segue em andamento e em fase de instrução processual. Até então, foram ouvidas 11 testemunhas arroladas pela acusação e 14 testemunhas de defesa.
O colegiado indeferiu recentemente pedido de nulidade apresentado pelas defesas, "em virtude de suposto acordo de colaboração premiada firmado pelo réu Felipe Ramos Morais, tendo em vista que a celebração ou não do acordo é ato discricionário do Ministério Público, e que, conforme anteriormente apontado não houve recebimento de proposta de colaboração premiada".
Partes do processo destacam ainda que a realização das audiências necessita de uma "verdadeira engenharia de logística, uma vez que os presos e as testemunhas se encontram em Estados diversos da federação, impondo-se a utilização de videoconferência simultânea entre diversos presídios federais, estadual e comarcas".
CONFIRA O NOME DOS RÉUS E A SITUAÇÃO:
- André Luís da Costa Lopes, o 'Andrezinho da Baixada', preso em São Paulo em outubro de 2019;
- Carlenilton Pereira Maltas, o 'Ceará', preso em Sergipe em abril de 2019;
- Erick Machado Santos, o 'Neguinho Rick da Baixada', foragido;
- Felipe Ramos Morais, preso em Goiás em maio de 2018 e solto pelo TJCE em abril de 2021;
- Gilberto Aparecido dos Santos, o 'Fuminho', preso em Moçambique em abril de 2020;
- Jefte Ferreira Santos, preso em São Paulo em janeiro de 2019;
- Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos (mãe de Jefte Santos), foragida;
- Renato Oliveira Mota, foragido;
- Ronaldo Pereira Costa, preso em Santa Catarina;
- e Tiago Lourenço de Sá de Lima, o 'Tiririca', preso em São Paulo em agosto de 2021.