A segunda sessão do júri da Chacina do Curió chega ao 8º dia seguido e entra em uma nova fase, a dos debates. A partir das 9h desta terça-feira (5), acusação, assistência de acusação e advogados de defesa dos oito policiais militares réus terão espaço no plenário para defenderem suas teses acerca do crime.
Quem começa o debate oral é o Ministério Público do Ceará (MPCE), seguido pela assistência de acusação, representada por defensores públicos. Eles têm duas horas e meia para convencerem os sete jurados que os PMs são autores dos crimes.
Em seguida, as defesas têm também duas horas e 30 minutos, a serem divididos entre os advogados dos oito acusados. Há expectativa que ambos os lados optem por utilizar fotos e vídeos com intuito de sensibilizar o júri.
Após as falas dos advogados, cabe à acusação decidir se quer direito à réplica (com duas horas de duração). Se sim, a defesa pode ter uma nova fala durante a tréplica, também com até 120 minutos.
Passados os debates começa a leitura dos quesitos para votação. A reportagem do Diário do Nordeste apurou que neste júri serão lidos mais de 800 quesitos. Depois, o júri se reúne para votação.
Até o momento, o andamento da sessão indica que o júri se estenda, pelo menos, até a noite desta quarta-feira (6). O júri do 'Curió' já é o mais longo da história dos 150 anos do Tribunal de Justiça do Ceará.
QUEM SÃO OS ACUSADOS
Desde o sábado (2), os oito policiais militares acusados foram interrogados em plenário. Todos eles negam participação na chacina ocorrida em 2015, em Fortaleza.
- Gerson Vitoriano Carvalho (viatura RD 1307)
- Thiago Veríssimo Andrade Batista de Carvalho (viatura RD 1307)
- Josiel Silveira Gomes (viatura RD 1307)
- Thiago Aurélio de Souza Augusto (viatura RD 1072)
- Ronaldo da Silva Lima (viatura RD 1072)
- José Haroldo Uchoa Gomes (sargento comandante da RD1069)
- Gaudioso Menezes de Mattos Brito Goes (motorista viatura RD1069)
- Francinildo José da Silva Nascimento (sargento, policial desde 1994, viatura RD 1069)
O último a depor no salão do 1º Júri do Fórum Clóvis Beviláqua foi o sargento Francinildo. Ele atua na Corporação desde 1994 e, na data do crime, estava como patrulheiro em uma das viaturas que, conforme a acusação, se omitiu de prestar socorro aos feridos na Grande Messejana.
PRIMEIRO JULGAMENTO
Na madrugada do último dia 25 de junho, após seis dias de julgamento, o Tribunal do Júri condenou os primeiros quatro PMs réus pelas mortes da Chacina do Curió. As penas somaram 1,1 mil anos no total. Foram condenados: Wellington Veras; Ideraldo Amâncio; Marcus Vinícius Costa e Antônio Abreu.
Os três primeiros foram levados para o quartel da Polícia Militar no Centro da Capital após o júri. Já Abreu foi preso nos Estados Unidos, somente neste mês de agosto.
QUANDO SERÁ O TERCEIRO JÚRI?
Uma terceira sessão do julgamento já está agendada para este ano. No próximo dia 12 de setembro, será a vez de julgar todos os oito réus que compõem o processo 3 da Chacina do Curió.
Nesta ocasião, estão previstos 21 depoimentos, sendo seis de vítimas sobreviventes, sete de testemunhas e oito interrogatórios.