Celular de garçom que matou vereador em Camocim levanta hipótese de assédio como motivação

Conforme inquérito policial, o suspeito teria realizado buscas no celular sobre "direitos trabalhistas, "assédio moral" e "tristeza permanente"

O celular do suspeito de matar o vereador César Veras (PSB) e esfaquear duas pessoas em Camocim, no final de abril, foi vistoriado pela Polícia Civil. Conforme inquérito policial obtido pelo Diário do Nordeste, nesta terça-feira (14), estão entre as buscas na internet realizadas no aparelho termos como "direitos trabalhistas", "tristeza permanente e profunda" e "assédio moral". Baseado nessas pesquisas, os investigadores trabalham como uma das hipóteses para a motivação do crime o "desrespeito aos seus direitos trabalhistas".

"Diante da análise da extração de dados do aparelho celular de Antonio Charlan Rocha Souza, devidamente autorizada judicialmente, não foi possível obter qualquer informação de cunho criminoso relacionado ao crime ora investigado, nem qualquer outro dado", diz conclusão do documento.
 

As investigações também apontam que Antonio Charlan estaria abalado psicologicamente. "O presente relatório concluiu pela possível existência de problemas psicológicos por parte do Antonio Charlan Rocha Souza, podendo ter sido gerado 'uma hipótese' pelo desrespeito aos seus direitos trabalhistas", aponta. 

Um dos indícios que apontam a motivação da morte do vereador seria assassinar os amigos próximos de Euclides Oliveira, proprietário do estabelecimento. "Indícios existem de que Charlan queria atacar de alguma forma a pessoa de Euclides, motivo pelo qual o indiciado marcou ele e os melhores amigos do dono do estabelecimento, aqueles que sempre frequentavam o local, dentre eles o vereador Cesar Araújo Veras e Fábio Roberto de Castro Sousa", diz inquérito. 

O estabelecimento foi procurado para comentar sobre o assunto, contudo, não respondeu às ligações da reportagem.

Depoimento de colega de trabalho

Uma ex-funcionária do estabelecimento, que não terá a identidade revelada, relatou em depoimento às autoridades que todos os colaboradores do restaurante "O Euclides" trabalhavam "sob muita pressão". 

A mulher relatou ainda ter recebido apenas R$ 15 em alguns dias, não havia salário fixo. Ela relatou ainda que não poderia reclamar do salário, pois o dono do estabelecimento a informou que a empregada "poderia ir embora". 

Em relação a Antonio Charlan, a funcionária disse que foi informado à esposa do dono do estabelecimento, Euclides Oliveira - uma das pessoas esfaqueadas, que ele não estava bem no dia do crime. Além disso, o suspeito estaria há dois anos sem férias.

Relembre o caso

César Veras havia acabado de chegar a um restaurante, na orla de Camocim, quando foi golpeado com uma facada no pescoço, proferida por Antônio Charlan, no início da tarde de 28 de abril. O empresário Euclides Oliveira (proprietário do estabelecimento) e um cliente também foram golpeados, antes do suspeito fugir.

Ao ser detido por policiais militares, Antônio Charlan Rocha Souza teria dito que "estava sendo perseguido por colegas de trabalho e clientes", segundo o investigador. Entretanto, em depoimento à Polícia Civil, o garçom falou que não lembrava o que aconteceu no restaurante. Ele não tinha histórico criminal.

O garçom teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, durante audiência de custódia realizada, nem 29 de abril, no 5º Núcleo Regional de Custódia e de Inquérito com sede em Sobral.

Imagens de câmeras de segurança mostram a ação do garçom que matou o vereador por Camocim César Veras, em um restaurante da cidade. No vídeo, é possível ver o parlamentar sentando em uma mesa, numa área ao centro do estabelecimento, junto da filha.

Veja vídeo:

Momentos após sentar-se, o político é atendido por um dos garçons, que se aproxima da mesa com o que parece ser um cardápio. Enquanto isso, outro funcionário, que estava numa parte ao fundo da imagem, vai até ele, por trás, e dá um golpe de faca no pescoço.

O autor da facada rapidamente vai em direção à outra mesa, onde estava sentado o dono do restaurante, Euclides Oliveira, e também o agride com a arma branca. Há uma correria entre os clientes, e o suspeito acerta um terceiro homem, antes de fugir.