Caso Zara: Polícia conclui investigações e indicia suspeito por racismo em loja de Fortaleza

O suspeito indiciado é o gerente do estabelecimento, Bruno Filipe Simões Antônio, de nacionalidade portuguesa. Detalhes do trabalho policial serão divulgados nesta terça-feira (19)

Após pouco mais de um mês, a Polícia Civil do Ceará (PC-CE) concluiu as investigações e indiciou o gerente Bruno Filipe Simões Antônio por cometer crime de racismo em loja da Zara de um shopping de Fortaleza, no bairro Edson Queiroz, no último dia 14 de setembro.

O nome do gerente, cuja nacionalidade é portuguesa, foi confirmado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) ao Sistema Verdes Mares.

Conforme a Pasta, os detalhes do trabalho policial serão divulgados em coletiva de imprensa que será realizada às 10h30 desta terça-feira (19), na sede da Superintendência da Polícia Civil, no Centro da Capital.

A vítima responsável por denunciar o caso de racismo, após ser impedida de entrar na loja, foi identificada como a delegada Ana Paula Barroso, diretora-adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil.

No dia 19 de setembro, uma equipe da PC-CE visitou o estabelecimento para cumprir mandado de busca e apreensão para recolher equipamentos de registro de vídeo, utilizados na apuração do caso.

Impedida por "questões de segurança"

Segundo a delegada, um funcionário do estabelecimento comercial a teria impedido de permanecer na loja por "questões de segurança". Mesmo após pedidos de explicação, a determinação da loja teria continuado.

A delegada Anna Nery, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Fortaleza, responsável pela investigação do caso, detalhou que a vítima registrou um Boletim de Ocorrência Eletrônico (BOE) no mesmo dia do ocorrido.

Segundo o relato, Ana Paula chegou à loja por volta de 21h20, consumindo um sorvete. Contudo, ao tentar entrar, foi barrada por um segurança do estabelecimento. Ela questionou se o motivo seria o sorvete, mas não obteve resposta.

Fora da Zara, a delegada chamou um segurança e questionou novamente se o sorvete seria o motivo para ter o acesso travado. O homem disse que não e solicitou a presença do chefe de segurança do shopping no local.

Postura defensiva

O novo agente reconheceu a delegada porque já havia trabalhado com a mesma em outra oportunidade.

Acompanhada pelos outros dois seguranças, ela foi conduzida novamente à loja. Quando avistou a vítima e os agentes, o funcionário que impediu a entrada da delegada teria adotado uma postura defensiva.

"Ele já foi logo dizendo que não tinha nenhum preconceito, que tinha várias amizades gays, lésbicas e trans. Quando ele fala isso, de forma velada, já mostra que tem preconceito. Essas declarações foram dadas no BOE e ratificadas pelo chefe da segurança. Depois, ele pediu desculpa e ela saiu da loja extremamente abalada", explica Anna Nery.

Loja é alvo de nova denúncia

Além da delegada, uma contadora denunciou a ocorrência de outro crime na mesma loja, menos de um mês após o primeiro caso. 

Roberta Almeida disse ter sofrido constrangimento ilegal e crime contra o consumidor, ao se recusar a pagar roupas com o preço em dólar australiano.

Ao Diário do Nordeste, ela declarou ter entrado na Zara para comprar roupas, por volta de 19h do último dia 9 de outubro. Ela escolheu duas peças, que estavam com etiquetas de 39,95 e 23,95, mas foi surpreendida na hora de pagar: esses valores estavam na moeda dólar australiano, e não em real.

Um dólar australiano equivale a cerca de R$ 4; ou seja, as duas roupas juntas custavam mais de R$ 250.

Roberta se negou a pagar tal valor e o gerente foi chamado. Ele, porém, começou a discutir com a cliente, exigindo que ela pagasse o valor de dólar australiano convertido em real.

Fontes ligadas à investigação de racismo contra a delegada confirmaram que o gerente é o mesmo do outro caso.