Temporada de queimadas chega ao Ceará e Bombeiros passam cinco dias para debelar fogo em área rural

O combate às chamas foi feito, inicialmente, por equipes da unidade de Tauá, na região dos Inhamuns, distante 90km do foco principal

A temporada de queimadas em vegetação chegou ao Ceará e já há registros de dezenas de focos de pequenas a grandes proporções. Um exemplo atual ocorreu na serra dos Canzuins, na zona rural de Mombaça, divisão das regiões Sertão Central e Centro-Sul do Estado. Depois de seis dias seguidos de combate, o fogo foi debelado, informou o Corpo de Bombeiros do Ceará.

O combate às chamas foi feito, inicialmente, por equipes da unidade de Tauá, na região dos Inhamuns, distante 90km do foco principal, e posteriormente contou com o apoio da unidade especializada de Quixeramobim, no Sertão Central.

De acordo com moradores da localidade, o fogo começou na tarde do último sábado, dia 14, e se estendeu até o fim da noite desta quarta-feira (18). A suspeita inicial é que o incêndio teria sido provocado por tiradores de mel de abelha em colmeias nativas. 

“Por causa da extensão da área atingida e o terreno ser muito acidentado e sem acesso, não foi possível ainda um levantamento da área destruída. O relevo acidentado dificultou o trabalho de combate às chamas”.
Nijair Araújo.
Comandante do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros

Das unidades de Tauá e de Quixeramobim, 12 bombeiros militares atuaram no trabalho de combate às chamas que contou com a participação de voluntários da região, além do uso de viaturas, bom-costal e abafadores.

Criminosos

Para o Corpo de Bombeiros do Ceará, mais de 90% são incêndios criminosos, ou seja, fruto da ação humana. Nesta quinta-feira (19) à noite, uma equipe do Corpo de Bombeiros de Iguatu controlou fogo em vegetação entre Acopiara e Mombaça, às margens da rodovia CE -060.

“A falta de chuva, a mata seca, ventos fortes e a ação humana, são fatores que desencadeiam as queimadas em regiões de mata”, pontuou Nijair Araújo. “Geralmente, começa em agosto e setembro nas margens das rodovias, e depois vai se interiorizando mais com o passar dos meses”.  

O ambientalista Paulo Ferreira da ONG Rio Jaguaribe observa que “os incêndios florestais resulta em destruição da mata nativa, de cercas, plantios, afetam os microrganismos do solo e provocam a morte de animais silvestres, além de trazer riscos para os moradores, quando o fogo se aproxima das casas nas áreas rurais”.

Relatório recente do Corpo de Bombeiros do Ceará indica que cerca de 70% do território estadual apresenta "risco alto ou muito alto" para a ocorrência de queimadas em área de vegetação.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) que faz o monitoramento dos focos de queimadas e calor mostram que neste mês de agosto, até ontem, foram observadas 90 queimadas no Ceará. Em igual período de 2020, foram verificados 131.  

Focos

Em 2020, o Inpe registrou, no Ceará, 3979 focos de queimadas, inferior ao registro de 2019 (4304) e mais do que em 2018 (3034) e em 2017 (3486). Já em 2016, os dados apontam uma quantidade maior, 4316 incêndios em vegetação.

Em 2019, a Funceme fez um estudo que apontou duas áreas mais susceptíveis à ocorrência de queimadas: a região do Médio Jaguaribe e do Sertão dos Inhamuns.

“O nosso mapeamento não quer dizer que houve mais incêndios nessas duas regiões, mas que seriam mais vulneráveis”.
Manuel Freitas.
Coordenador da Unidade de Estudos Básicos da área de Meio Ambiente da Funceme