Finados. Dia em que os católicos homenageiam seus entes queridos que partiram, segundo a fé católica, para a vida eterna. A data marca, também, um momento singular de agradecimento por graças alcançadas. Em Juazeiro do Norte, cidade do Cariri cearense fundada por Padre Cícero Romão Batista, a religiosidade neste período do ano fica ainda mais evidente.
O Município, o mais populoso do Interior do Estado, receberá ao longo deste feriado, 50 mil pessoas, conforme estimativa da Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores. Em anos anteriores à pandemia, este número chegava a 100 mil. Dentre essa multidão, estão romeiros e devotos que se deslocam por longa distâncias para homenagear parentes falecidos e agradecer graças alcançadas.
A aposentada juazeirense Maria Silva, moradora do Sítio Pedrinhas visitou o túmulo dos pais, no cemitério ao lado da Capela do Socorro, onde Padre Cícero está sepultado e, ao fim da homenagem póstuma, foi até o túmulo de Padre Cícero agradecer. Em posse de um terço, adquirido ali mesmo nas imediações do templo, Maria disse que "para ela, Padre Cícero é santo". Esse pensamento é quase uníssono entre os romeiros nordestinos.
Nordeste esse que envia pessoas de diferentes estados a Juazeiro do Norte. A alagoana Maria Vicente da Silva, de 84 anos, já fez 44 viagens da cidade de Palmeira dos Índios até a terra fundada pelo Sacerdote. Apesar de idade, ela não abre mão de visitar Juazeiro a cada feriado de Finados. "Venho agradecer as graças", diz ela.
O mesmo acontece com o casal pernambucano Maria Severina de Lima e Severino Antonio de Lima. Ela já realizou 53 viagens de sua cidade, Vitória de Santo Antão (PE) até Juazeiro do Norte. Aposentada conta que a tradição começou com os pais. "Eles me traziam e depois eu peguei gosto, passei a vir todos os anos", garante.
A exceção foram nos anteriores de pandemia. "Fiquei muito triste. até chorei. Não vir faz uma falta muito grande", diz Severina. Ainda segundo relata, entre as graças alcançadas por intermédio do Padre Cícero, estão "duas curas milagrosas" a seus familiares.
"Meu filho ficou seis meses de cama. Os médicos já não sabiam o que fazer. Rezei e pedi benção do Padim Cícero e ele me antedeu, hoje meu filho é sadio. Meu neto também era doente, tinha ameaça de nunca mais enxergar, me apeguei novamente e agora ele é um jovem que enxerga tudo", descreve sua fé.
O esposo, Severino Antonio, compartilha das mesmas graças. Ele conta que ficou um ano e dois meses internado, até ser "curado após muitas orações". "Disse a Padre Cícero que se ele me curasse, eu passaria a vir todos os anos a Juazeiro e assim estou fazendo. Faço e faço com muita alegria", conta. O percurso que o casal enfrenta, de ônibus, demora 12 horas de viagem.
Para os próximos anos, o pároco da Básilica, Padre Cícero José, projeta que mais romeiros visitem Juazeiro do Norte, projetando um público semelhante ao que historicamente a cidade registra nesta Romaria de Finados. Segundo avalia, o retorno da Romaria foi "positiva".
"Recebemos um número menor de devotos, mas ainda assim a participação foi muito boa. Procuramos, a todo momento, trabalhar a conscientização de que a pandemia do novo coronavírus não acabou. Mas, foi uma data positiva, a organização foi bem feita e os devotos estavam precisando dessa reaproximação após mais de 1 ano e meio", pontuou o religioso.