Acreditando que a primeira infância é a fase mais importante da vida de uma pessoa, tanto na formação da personalidade como nas conexões cerebrais que cada um constroi até os quatro anos de vida, a psicóloga Naiana Pontes e a terapeuta ocupacional Natalia Burlamaqui se juntaram e fundaram a Prupê pra brincar (@prupeprabrincar), na capital cearense, em 2017.
“Somos um lugar de convivência familiar, onde oferecemos brincadeiras livres e oficinas que permitem que as crianças se desenvolvam por meio da música, do contato com a natureza, da arte, do corpo, dos sentidos, dando espaço para a criança criar, explorar, imaginar e ampliar o leque de possibilidades. E o melhor de tudo isso é que os pequenos podem aproveitar ao lado de quem eles amam”, explica a terapeuta ocupacional sobre o negócio.
A ideia do empreendimento surgiu a partir da observação das profissionais, amigas de escola, quanto às demandas que chegavam aos consultórios quanto a esse público. "Eram demandas pela participação social, atraso de fala, mas sem um diagnóstico. Isso foi nos inquietando, nos fazendo refletir sobre o que estava desencadeando esses atrasos no desenvolvimento, chegando no brincar, e em sua importância nos primeiros anos de vida”, descrevem Naiana e Natalia.
Brincar livre
Durante dois anos elas estudaram o projeto Prupê, que se inspira em espaços europeus para o formato da casa e da relação cuidador-criança, além de ter referencial teórico embasado em Maria Montessori, Rudolf Steiner (fundador da filosofia Waldorf), Gandhy Piosk, Loris Malaguzzi, entre outros.
“Nosso objetivo é mostrar a importância do brincar para o desenvolvimento infantil, utilizando o resgate do brincar, o brincar livre e as oficinas como recurso para auxiliar no desenvolvimento, com o olhar para a autonomia, a segurança e o empoderamento da criança. As crianças aprendem brincando e é brincando que elas se preparam para a vida adulta, tornando-se adultos mais criativos e mais preparados para o futuro”, comenta Naiana.
Dessa forma, a Prupê recebe tanto as crianças como seus familiares, com serviços especializados no brincar livre e em oficinas, seja para bebês (6 meses a 2 anos e 11 meses), seja para crianças (3 a 6 anos). Os bebês só participam das atividades lúdicas com o cuidador ou o acompanhante. A partir de 3 anos, a criança pode permanecer no espaço sozinha. Há programação fixa, com pacotes mensais e o “Sábado em família”, uma manhã lúdica com momentos para brincar junto, além de programas semestrais.
Inovação
“Abrimos as portas com uma proposta diferente e em tempos difíceis. Somos pioneiros em Fortaleza. É um trabalho diário e, como dizemos, de ‘formiguinha’. Estamos em constante treinamento com nossa equipe, buscando sempre estudar e nos respaldar mais no nosso objetivo final”, relata Natalia.
Hoje, a empresa conta com 21 colaboradores e uma média de 70 crianças fixas mensalmente, além dos avulsos que frequentam a casa aos sábados e nas tardes. Dentre os colaboradores que mediam o brincar e ministram as oficinas - chamados de brincapês -, há profissionais de artes cênicas, artes visuais, teatro, música, psicologia, além de pedagogos, psicomotricistas e cientistas sociais.
Importância da brincadeira
Defendemos o brincar livre, não dirigido ou proposto, que para nós é visto como o maior e o melhor motivador para um desenvolvimento saudável que esteja de acordo com a maturidade etária e as capacidades individuais de cada criança. Criança nenhuma brinca para passar o tempo. É na brincadeira que a criança aprende sozinha a achar soluções; aprende a colaborar, a conviver com os outros e com o diferente; a pesquisar, a ver tudo que existe com olhar criativo. É quando as invenções vão surgir. Mesmo quando ela brinca com coisas que aos nossos olhos possam parecer insignificantes, a escolha dela é motivada por processos internos. Brincar é como se fosse uma linguagem secreta que deve ser respeitada.
Fonte: Naiana Pontes e Natalia Burlamaqui, diretoras da Prupê pra brincar