Arte elaborada

Conheça mais detalhes da profissão de luthier, especialista na fabricação ou no conserto de instrumentos musicais.

Para o músico, o instrumento é muito mais do que uma ferramenta de trabalho: é a maneira pela qual ele expressa seu talento, transmitindo os mais variados sentimentos para quem ouve suas composições ou interpretações. Por isso, o instrumento musical, quando precisa de algum reparo, não pode ser confiado a qualquer pessoa. É necessário que um profissional especializado e com habilidade suficiente o conserte, devolvendo as características originais para a peça. Ou no caso de um instrumento que precise ser construído, essa mesma destreza é requerida, pois transformar pedaços de madeira em arte para os ouvidos é um ofício para poucos. Esse é o resumo da atuação do luthier, profissional sempre procurado por instrumentistas e amantes da música, que buscam criações exclusivas ou um auxílio especializado.

“O luthier pode abraçar atividades diversas, como a construção de um instrumento musical, a aplicação de pintura e vernizes, o trabalho com a madeira, o conserto da parte eletrônica, o conserto da madeira ou apenas ajustes gerais. Outros tipos de luthier, como os de sopros, podem também trabalhar com metais”, explica o luthier Patrick Hervé Rubaud, francês de nascimento e há 19 anos residindo no Brasil. 

luthier2
Patrick Rubaud em sua fábrica, em Fortaleza: ofício especializado e cheio de detalhes.

Desde 2005, Patrick mantém a fábrica Patrick Luthier em Fortaleza e atende consumidores do Ceará, do Brasil e até do exterior, com pedidos de fabricação sob medida, venda de violão com pronta-entrega ou consertos especializados. “Após um primeiro contato, convidamos o cliente a montar o violão com a gente, ou seja, escolher a cor, as madeiras, as opções possíveis, e parâmetros modificáveis, como a largura do braço, o peso do corpo etc. Depois de combinar todos os detalhes do instrumento, uma ficha de trabalho é realizada contendo todos os detalhes do instrumento”, explica Patrick Rubaud.

Passo a passo
A atividade cheia de detalhamentos continua em uma máquina computadorizada, chamada CNC, que vai realizar todos os trabalhos de cavidades e de cortes na madeira, até que seja necessário colar as diferentes partes. “O instrumento então é encaminhado para a lixagem e a pintura, quando será revestido de verniz ou pintura em cabina fechada. A penúltima fase é a montagem, terminando com a dos ajustes gerais e testes diversos”, descreve o especialista.

Além desse tipo de trabalho, os consumidores podem contar com o serviço de luthier para a fabricação, o conserto, a pintura personalizada, a customização de instrumentos etc. 

Referência
De acordo com Patrick Rubaud, o Brasil é referência mundial no mercado da luthieria, tanto que algumas marcas bem tradicionais, como Di Giorgio e Giannini, continuam ativas. “O brasileiro é grande consumidor de instrumentos musicais, por ter uma população com alta porcentagem de praticantes da música, como amadores ou profissionais. O brasileiro tem a particularidade de colocar a música como elemento quase incontornável na vida dele, e não é raro ver uma pessoa com condição financeira precária fazer questão de ter um instrumento em casa, pois o instrumento é a ferramenta da prática terapêutica da música”, analisa o luthier. 

Para quem deseja se tornar um luthier, Patrick Rubaud explica que a maioria dos profissionais de luthieria moderna (que não envolve instrumentos eruditos) são pessoas que aprenderam praticando, aos poucos, ou como aprendiz com outros luthiers. “Porém, existem muitos cursos de luthieria no Brasil, para luthieria tradicional (instrumento clássicos, como violino, violão, violoncelo etc.) e para sopro e luthieria moderna (guitarra, violão elétrico, contrabaixo elétrico etc.)”, observa o especialista.

Saiba mais:
https://m.facebook.com/patrick.rubaud

História
A palavra luthier é de origem francesa e deriva de luth, que significa alaúde, um antigo instrumento musical de cordas, que existe provavelmente há mais de 2000 anos. Vários tipos de alaúdes foram usados nas antigas civilizações, como a dos judeus hebreus antes de Cristo, os egípcios, gregos, árabes, turcos e chineses. O alaúde caiu em desuso depois de 1800 na Europa Ocidental, mas outros tipos de alaúde sobrevivem em tradições musicais do Sudeste Europeu, no Norte da África e no Oriente Médio.