Voto ideológico ou indicação de amigo/familiar: qual critério mais pesa no voto a vereador?

Pesquisa do Instituto OPNUS revela o que cearense leva em consideração na hora de escolher em quem irá votar para a câmara municipal

Na hora de escolher quem irá representá-los na Câmara de Vereadores, os cearenses dizem priorizar as propostas e as ideias defendidas pelos candidatos: 40% dos eleitores do Estado têm esse como principal critério para definir o voto para vereador. O dado é de pesquisa realizada pelo Instituto OPNUS e divulgada, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste

Outros fatores também influenciam essa escolha, como o passado político do candidato, a indicação de amigos e familiares, o partido a que pertence o candidato, além de se ele apoia ou é oposição ao atual prefeito da cidade. 

O voto ideológico ou o voto pelas propostas do candidato predomina entre os eleitores cearenses, mas existem diferenças significativas sobre como é feita essa escolha a depender da faixa etária do eleitor. Por exemplo, quanto mais jovem, mais importante esses aspectos são para a escolha do candidato — com 53% dos entrevistados de 16 a 24 anos priorizando esse critério. Entre aqueles que estão na faixa etária de 25 a 34 anos, 49% dão mais peso às ideias e propostas dos candidatos.

"O critério de decisão vai ser realmente a identificação que o eleitor faz com determinado candidato. E essa identificação vai se dar pelas propostas que o vereador vai apresentar", pontua o diretor técnico do Instituto OPNUS, Pedro Barbosa.

"Não necessariamente a proposta do vereador, a ideia do vereador quer dizer que eu vou dar um voto ideológico. A proposta do candidato pode ser propostas concretas de melhoria, por exemplo, para o meu bairro, para minha localidade. (...) É o que o vereador demonstra que ele vai trabalhar. Ele vai trabalhar aqui no meu bairro, ele tem uma causa ambiental ou é um vereador que vai trabalhar pela causa LGBT. Essa identificação vai se criando idealmente a partir dessas propostas que o vereador vai trazer".
Pedro Barbosa
Diretor técnico do Instituto OPNUS

O peso da ideologia e das propostas do candidato na hora de definir o voto cai à medida que o eleitor vai ficando mais velho — apenas 16% dos entrevistados com mais de 60 anos têm esse como o critério mais importante para escolher o candidato a vereador.  Para esses eleitores, o que pesa mais é a indicação de familiares ou de amigos de confiança — 23% informaram que isso é o mais importante na hora da escolha. 

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O levantamento foi realizado por meio de entrevistas pessoais e domiciliares com 1,7 mil pessoas com 16 anos ou mais em todo o Ceará. A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 6 de agosto. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos. Devido ao arredondamento das casas decimais, a soma dos percentuais nas perguntas de resposta única pode variar de 99% a 101%. 

O que é mais importante para a escolha?

Os entrevistados pelo Instituto OPNUS foram indagados sobre "o que é mais importante" na hora de escolher o candidato à Câmara de Vereadores. No total, 12% não sabem ou não quiseram responder à pesquisa. 

Independentemente de onde morem no Ceará, o voto vinculado às ideias e propostas do candidato foi o escolhido pela maioria dos entrevistados ao responderem o questionamento. Contudo, existem diferenças em quais outros critérios são levados em conta na hora da definição do voto. 

Em Fortaleza, 10% afirmam que o partido é o mais relevante para a definição do voto, enquanto na Região Metropolitana esse é o principal critério apenas para 3% dos entrevistados. No Interior, o percentual é de 6%.   

Existem ainda outras diferenças a depender da região do Estado onde o eleitor vive. Nas cidades do interior cearense, por exemplo, 11% dos entrevistados afirmam que a indicação do prefeito atual é a mais importante para escolher o candidato a vereador. 

Já em Fortaleza, esse é o critério de apenas 4% dos entrevistados. Na Região Metropolitana o percentual é ainda menor: apenas 2% usam esse critério. 

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Ao segmentar o eleitorado por escolaridade, também existem diferenças. A ideologia e as propostas do candidato são o mais importante para 61% dos entrevistados com ensino superior completo — 21 pontos percentuais acima da média estadual.

Essa importância diminui muito para os eleitores que têm até o ensino fundamental: apenas 25% deles afirmam que irão priorizar o voto ideológico em outubro. O índice é bem próximo ao daqueles que consideram a indicação de familiares e amigos o mais importante — o equivalente a 22%. Por outro lado, esse critério é usado por apenas 3% dos entrevistados com Ensino Superior. 

Voto legislativo 'adiado' pelo eleitor

Pedro Barbosa pontua que a campanha eleitoral ainda está "distante" da rotina das pessoas, algo que ainda é mais acentuado na disputa para o Legislativo. 

"A gente que faz pesquisa em todos os lugares, quando a gente pergunta hoje, atualmente, em quem as pessoas votariam para vereador, a imensa maioria não tem nenhum candidato em mente ainda. Então, esse voto para o poder legislativo tende a ser adiado pelas pessoas. Elas acabam decidindo mais em cima da hora", disse. 

Ele pontua que os candidatos à prefeitura, por exemplo, costumam ter maior visibilidade, ao contrário das candidaturas a vereador. 

"O candidato a vereador não tem tanta visibilidade e, ao mesmo tempo, tem muitos nomes disputando ali. Então, é todo mundo disputando atenção do eleitor e acaba que as pessoas têm mais dificuldade de conhecer esses candidatos e acabam adiando essa decisão do voto para vereador", completa.