Vereadores de Fortaleza que pretendem concorrer a deputado este ano se articulam nos bastidores para mudar de partido e viabilizar uma campanha eleitoral mais competitiva. No centro das negociações está o Pros, sigla oposicionista que, após a saída do deputado Capitão Wagner para o União Brasil, pode formar um novo diretório municipal e tentar permanecer na oposição.
Sem janela partidária, no entanto, vereadores interessados em mudar de legenda devem negociar diretamente com os presidentes das atuais siglas para obter uma carta de anuência, por exemplo, para que possam migrar sem sofrer sanções como a perda do mandato.
Em conversa com o Diário do Nordeste, o ex-presidente do Pros no Ceará, o deputado federal Vaidon Oliveira, disse que a Executiva Nacional deverá assinar carta de anuência para vereadores que queiram migrar para o União Brasil. O próprio Vaidon se filiou ao novo partido em evento na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) no último dia 22.
De acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda não há formalização da composição provisória no diretório do Pros no Ceará. Segundo interlocutores, a decisão de quem comandará o partido em âmbito estadual pode ocorrer na semana que vem.
Oposição se movimenta
De acordo com o vereador Márcio Martins, líder da oposição na Câmara de Fortaleza, a expectativa é que na próxima semana ele e demais membros do Pros se reúnam para tratar sobre um novo diretório do Pros cearense. Internamente, é esperado que o Capitão Wagner também participe das tratativas.
"A gente pretende continuar com o Pros no nosso grupo político, gerido por alguém. Capitão quer sentar com o grupo pra saber quem, dos que permanecem filiados, mesmo sem mandato, quer tocar o partido, para que ele continue sob a nossa liderança".", diz o vereador.
Questionado sobre a participação na reunião, Wagner diz que "em breve" se reunirá com os parlamentares e que mantém boa relação com os membros do partido, mas que não exerce mais ingerência na agremiação.
Articulação na Câmara
O Partido Liberal (PL) também virou alvo dos vereadores que tentarão se eleger deputados estaduais e federais. A entrada de Jair Bolsonaro na sigla, ainda no ano passado, deixou o partido na mira de oposicionistas defensores do presidente.
Ao menos outros cinco parlamentares de oposição articulam a troca de partido. Esses, no entanto, miram diretamente as próximas eleições e admitem a pré-candidatura para deputado estadual e federal.
Carmelo Neto (Republicanos) mira o PL, uma vez que o seu atual partido, comandando pelo vereador Ronaldo Martins, aproxima-se da base e admite conversas com o senador Cid Gomes (PDT) para formação de chapa.
Já a vereadora Priscila Costa admite que deixa o PSC para entrar no União Brasil ou PL. Julierme Sena chegou a avaliar a saída do Pros para ir ao União Brasil ou Podemos, mas ainda não divulgou decisão.
De acordo com a assessoria, o Sargento Reginauro já deixou o Pros e se filiou ao União Brasil no início da semana. Já o Inspetor Alberto (Pros) articula a saída do Pros para o PL.
Indecisão na base
Além dos membros de oposição, ao menos outros dois vereadores já se articulam para mudar de agremiação. Marcelo Lemos, que era filiado ao PSL antes da fusão com o DEM que gerou o União Brasil, tem propostas, segundo ele, para presidir o MDB e o PRTB no diretório municipal.
"Eu sou da base do governo José Sarto (PDT) e devo decidir e me filiar a um desses dois grandes partidos, com a expectativa de presidir a sigla", diz o parlamentar.
Além dele, Cláudia Gomes, a única eleita pelo DEM, está de saída da sigla após a consolidação do grupo na oposição ao Governo do Estado. A vereadora, no entanto, ainda não anunciou qual será seu futuro partidário.