A proposta do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) de estabelecer uma "trégua de Natal" com o PT, cujo objetivo seria uma articulação em prol do impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), tem simpatia dos partidos do campo da esquerda no Ceará, mas não deve refletir nas articulações quando o assunto é a Eleição estadual de 2022.
Apesar de concordarem como uma união em âmbito nacional, que poderia levar a entendimentos sobre a chamada "frente ampla", as siglas de esquerda no Estado ainda esperam novas definições para cravar alianças eleitoral. Isso deve ficar para o ano que vem.
Ao se tratar de disputa eleitoral, as articulações no Ceará passam ainda por um momento de debates internos, em que PDT e PT ainda não chegaram a um entendimento sobre a disputa ao Governo do Estado.
Nacionalmente, líderes nacionais da legenda, Ciro Gomes e Lula, seguem em divergências e travando um debate público duro em alguns momentos.
Em entrevista coletiva no domingo (3), após ter sido alvo de tentativa de agressões por manifestantes na saída de uma manifestação contra Bolsonaro em São Paulo, Ciro minimizou o caso, e propôs uma "trégua de Natal" com o partido dos trabalhadores, visando a derrocada do atual presidente.
PDT
Para o deputado federal Andre Figueiredo, líder da bancada do PDT na Câmara dos Deputados, o tensionamento com o PT de fato seguirá uma trégua. Ele lembra que, em 2018, Ciro foi candidato à Presidência disputando com Fernando Haddad (PT), e apoiando o governador Camilo Santana (PT) no Ceará.
"Não vejo de forma alguma como essa situação que lamentavelmente ocorreu em São Paulo possa se refletir aqui no Ceará, até porque as manifestações aqui no Ceará foram extremamente bem realizadas e sem nenhum atrito".
PT
Já para José Guimarães (PT), um dos deputados cearenses mais próximos do ex-presidente Lula, a proposta de Ciro "nada tem a ver com as eleições", e que esse é um assunto que será debatido posteriormente.
O parlamentar diz que o foco atualmente é "derrotar Bolsonaro", e que o PT há muito tempo que propôs uma trégua para unir as forças de oposição.
."A luta contra o Bolsonaro é envolver todos, não um ou outro partido; essa é a trégua que nós temos que fazer e unir todo mundo. Não tem nada a ver com o Ceará"
Ainda em setembro, durante enncontro com secretários de governo da prefeitura de Fortaleza, Ciro chegou a dizer que uma aliança com o PT é "desejada" pelo PDT no Ceará, mas que o seu partido apoiará Camilo Santana em qualquer situação, independentemente da aliança formal.
O pedetista afirmou ainda, na ocasião, que o governador é quem vai liderar o processo de sucessão estadual para 2022 no grupo governista. "Por méritos e pelo governo extraordinário que vem fazendo, o Camilo é o nosso líder e é quem vai conduzir este processo".
PSOL
Também importante expoente do campo progressista no Ceará, o PSOL se coloca em uma posição de "espera". Alexandre Uchôa, presidente da sigla no âmbito estadual, diz que a tendência é que o partido lance candidatura própria no ano que vem, mas que deve aguardar as definições internas, levando em conta o protagonismo que políticos de direita buscarão.
"Esse cenário tensionaria aos partidos a estarem juntos; o PDT busca a cabeça de chapa; se se mantiver da forma que está o caminho é uma candidatura própria (do PSOL) [...] precisamos estar sempre de olho na oportunidade de ter todo mundo junto contra a extrema direita", completa.