A inauguração da segunda expansão do Porto do Pecém, nesta quinta-feira (10), reuniu três ex-governadores e o atual governador do Ceará: o senador Tasso Jereissati (PSDB), o pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT), o senador Cid Gomes (PDT) e o governador Camilo Santana (PT).
O foco do evento, apesar da pauta econômica em torno da expansão do Porto do Pecém, teve teor fortemente político, com sucessão de discursos em elogio a uma "continuidade da gestão pública no Ceará", além de críticas ao Governo Federal.
O encontro das lideranças políticas acontece em um evento de relevância econômica para o Estado. No ano passado, o Porto do Pecém bateu recorde de movimentação, atingindo a marca de 22 milhões de toneladas.
Já em funcionamento, a inauguração da expansão é uma formalização dos investimentos no setor e uma demonstração de força política da base governista para o setor econômico. O encontro acontece após ofensiva de opositores no Ceará.
O pré-candidato a presidente pelo Podemos, Sérgio Moro, teve encontro com o setor econômico nesta semana, numa série de eventos no Ceará. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), também pré-candidato, esteve no Cariri para evento de liberação das águas da transposição do São Francisco para o Cinturão das Águas, obra do do Governo do Estado.
Além dos ex-governadores, estão também o senador em exercício Chiquinho Feitosa (União Brasil), a vice-governadora Izolda Cela (PDT), o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT), o prefeito de Caucaia, Vitor Valim (Pros), os deputados estaduais Zezinho Albuquerque (PDT) e Walter Cavalcante (MDB), o reitor da Universidade Federal do Ceará, Cândido Albuquerque e o secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho no Ceará, Maia Jr.
A presença de alguns desses nomes reforça o cunho político do evento. Chiquinho Feitosa, por exemplo, trava uma queda de braço com deputado federal Capitão Wagner (Pros), principal nome da oposição, pelo comando do União Brasil. Izolda Cela e Evandro Leitão figuram entre os quatro cotados pelo PDT para encabeçar a chapa da sigla na disputa pela sucessão de Camilo Santana.
Zezinho Albuquerque lançou o próprio nome como possível candidato ao Executivo Estadual. Já Vitor Valim, que fez oposição ao Governo até as eleições de 2020, passou a ser cortejado pela base governista e tem feito aproximações com o governador.
Discurso pela continuidade
Todos que discursaram fizeram menção ao encontro dos três ex-governadores presentes no evento. "Estarmos aqui, juntos, mostra o quão importante é a continuidade, mas, mais que isso, a compreensão de que são projetos de estados e dessa forma deve ser compreendido, independentemente de disputa", disse o senador Cid Gomes, ressaltando também o simbolismo do encontro.
"(Esse encontro) é emblemático por uma serie de questões pouco discutidas no País que acabaram nos levando a essa situação nacional em que estamos (...) Mas isso será muito rapidamente superado e o Brasil terá momentos melhores até mais cedo do que esperávamos", disse.
Cid ainda minimizou reflexos eleitorais no evento. "Traduzir essa presença aqui, de três ex-governadores com o atual governador, para uma questão eleitoral de um ano é diminuir a importância desse evento. É um emblema, a gente não precisa estar no mesmo partido, não precisa nem apoiar o mesmo candidato a governador, mas o importante é que o Ceará, com as suas principais lideranças, compreende a diferença entre projeto de Estado e o que é projeto de um governo apenas. A gente sempre distinguiu isso e é o grande responsável pelo crescimento diferenciado que o Ceará está tendo nas últimas décadas", disse o senador em entrevista após o evento.
O ex-ministro Ciro Gomes listou uma série de avanços no Ceará para comparar a diferença no desenvolvimento do Estado na última década com o baixo crescimento do Brasil. O pedetista ainda mencionou os avanços na educação pública do Ceará. Ciro também aproveiou para elogiar seus antecessores, apontando Tasso como aquele que "funda o movimento de mudança do Ceará", Cid como "um dos melhores governadores da história" e Camilo como "o melhor governador do Brasil".
O senador Tasso Jereissati, chamado por Cid de "o maior homem público do Estado do Ceará", também focou o discurso na defesa por uma continuidade da gestão pública.
"Um projeto que teve a continuidade de mais de 34 anos, com as nuances e características pessoais de cada governador, mas o projeto básico (...) de indignação com a pobreza, de amor ao dinheiro público, de respeito ao Fisco, aos recursos do Estado, ao recursos públicos, ficou absolutamente quase que perene e espero que irreversível", disse o senador.
Fim de gestão
Em tom de balanço diante do último ano de governo, Camilo Santana disse estar emocionado por conseguir reunir os antecessores. "Quando fui chamado pelo Cid para sair candidato ao Governo, ficava imaginando como iria sucedê-lo. Nunca imaginei enfrentar tantos desafios, mas tudo que fiz durante esse tempo foi dedicar minha vida a Ceará", concluiu.