O empresário e representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti, prestará depoimento na CPI da Covid-19 nesta quinta-feira (1º), depois de denunciar ter recebido proposta de propina de US$ 1 por dose de vacina em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde, no dia 25 de fevereiro.
Ele seria interrogado na sexta-feira (2), mas o presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz, anunciou na noite de quarta-feira (30) que a audiência seria antecipada.
Cabo da Polícia Militar, ele atuou no gabinete militar do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por 15 meses, entre 2019 e 2020. Ele está sendo investigado pela PM.
De acordo com o governo Zema, Dominguetti atuou no gabinete militar entre 7 de agosto de 2019 e 5 de novembro de 2020, na função de segurança das instalações prediais - cuidava de guarita.
Saída do posto
A saída dele do posto foi decidida pela atual chefia do gabinete militar, por Dominguetti "não corresponder ao perfil necessário de atuação no setor".
Com isso, o policial militar foi transferido para o 64º Batalhão da Polícia Militar, em Alfenas, no sul de Minas Gerais.
Por se apresentar como representante da empresa, Dominguetti está sendo alvo de investigação da Polícia Militar.
Transgressão disciplinar
Na quarta-feira (30), a corporação instaurou um relatório de investigação preliminar contra o cabo, com o objetivo de investigar condutas que ferem o código de ética e disciplina dos militares mineiros e, também, o estatuto dos militares do estado.
"Cabe destacar que a Lei 14.310/2002, que dispõe sobre o Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais, considera como transgressão disciplinar o militar da ativa que participe de firma comercial ou de empresa industrial de qualquer natureza, ou nelas exerça função ou emprego remunerado", diz trecho de comunicado do governo Zema.
Denúncias fortes
Os senadores do colegiado consideram que as denúncias dele sobre o pedido de propina em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde são fortes.
Ouvido pela reportagem antes da convocação, ele afirmou que falará o que sabe "na frente de todo brasileiro" e que "todo mundo tem que saber a verdade".
"Tudo o que eu passei, eu não tenho melindre nenhum de falar o que aconteceu", disse à Folha de S.Paulo. "Eu digo o que eu disse à senhora [repórter] e, se alguém me chamar, a qualquer momento, vai ser falado o que eu disse à senhora", acrescentou.
'Poder da caneta'
Depois da publicação da entrevista no jornal que revelou o suposto esquema, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, decidiu exonerar Roberto Dias.
A empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5).
Dominguetti deu mais detalhes do encontro. Afirmou que Dias lhe disse que tinha o "poder da caneta" na pasta, citando o valor de R$ 8 bilhões.