Em novo depoimento prestado à Polícia Federal, na tarde desta terça-feira (19), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse desconhecer o plano de golpe de Estado que incluía os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Informações são do O Globo.
Cid assinou delação premiada com a PF em setembro do ano passado e, desde então, vem colaborando com a Justiça no inquérito.
Durante as investigações que apuram os ataques antidemocráticos do 8 de janeiro, a PF recuperou dados que haviam sido apagados de aparelhos eletrônicos do tenente-coronel e descobriu detalhes de um plano golpista que envolvia ainda militares das Forças Especiais.
Segundo o g1, a ideia da PF, no novo depoimento, era questionar o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro sobre possíveis omissões de sua colaboração premiada, que está sendo reanalisada pelos investigadores.
Em nota enviada à imprensa, a defesa do militar alegou que ele "sempre esteve à disposição da Justiça, respondendo tudo" o que foi perguntado. "Se ainda há algo a ser esclarecido, ele o fará, com toda presteza", disse o texto.
Cid pode perder benefícios de delação premiada
Na delação premiada, Cid revelou que Bolsonaro se reuniu com o comando das Forças Armadas para discutir maneiras de impedir a posse de Lula como presidente, em janeiro do ano passado. No entanto, o ex-ajudante de ordens não mencionou o plano de assassinato de Lula.
Caso a Polícia Federal entenda que ele omitiu informações e peça a anulação do acordo de delação premiada, caberá ao ministro Alexandre de Moraes decidir se o militar seguirá ou não colaborando com os investigadores.
Se Moraes ratificar o pedido da PF, Cid pode perder os benefícios obtidos com a delação e responder por todos os crimes dos quais é acusado. Além disso, ele também terá de responder administrativamente dentro do Exército e poderá ser acusado em um processo adicional por falso testemunho.
Entenda o caso
A Polícia Federal revelou nesta terça-feira um plano de atentado contra o presidente Lula e o vice-presidente Alckmin, arquitetado por integrantes da gestão do ex-presidente Bolsonaro, enquanto ainda estavam à frente do Governo, em 2022. O planejamento incluía mortes por envenenamento ou "uso de químicos para causar um colapso orgânico".
Os investigados na Operação Contragolpe são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais. Além disso, a PF descobriu que havia um plano operacional detalhado, chamado "Punhal Verde e Amarelo", previsto para ser executado no dia 15 de dezembro daquele ano, específico para executar o presidente e o vice eleitos.
Também estava nos planos dos militares executar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, caso o golpe de Estado fosse consumado.