Lula fala sobre chacina no CE e revela planos de reunião com governadores para discutir segurança

Presidente afirma que o objetivo é discutir com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ministros e governadores para só depois anunciar um plano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou no Ceará nesta quinta-feira (20), cumprindo agendas com foco em Educação e Habitação. A visita ocorre no mesmo dia em o Estado teve uma chacina em uma praça pública de Viçosa. Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o chefe do Executivo fala sobre as diretrizes do governo federal para lidar com os problemas de Segurança Pública no País e informou que uma reunião com governadores deve ocorrer em breve para abordar o assunto.

Lula afirma que a segurança "é, está sendo, já foi e será sempre um grande problema deste País". No entanto, o presidente declara que é necessário "colocar as coisas no devido lugar" ao se referir que o Estado tem maior controle sobre a Segurança Pública.

"A polícia é estadual, tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar. Nós do governo federal temos a Polícia Federal, temos a Polícia Rodoviária Federal e nós criamos a chamada Guarda Nacional", pontua. Segundo o político, ao propor o projeto da Guarda Nacional em 2006, o objetivo era criar uma força auxiliar que só poderia entrar em ação com a reivindicação dos estados.

Não adianta fazer uma discussão sem a participação dos governadores.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente do Brasil

REUNIÃO COM GOVERNADORES

Lula pontuou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, está com uma proposta referente aos desafios de Segurança Pública e o presidente deve se reunir em breve com ele e outros ministros que já foram governadores, como o ministro da Educação, Camilo Santana, e o ministro dos Transportes, Renan Filho, ex-governadores do Ceará e Alagoas respectivamente.

"Quero pegar essa experiência acumulada dos governadores para que a gente possa chamar governadores que estão exercendo cargo hoje e fazer uma discussão. Certamente, o companheiro Elmano [governador do Ceará] tem muita contribuição para dar", ressalta.

O presidente não informou quando a reunião deve ocorrer, mas disse que acontecerá em Brasília. Ele conta que irá se reunir primeiramente com Lewandowski. Em seguida, deve marcar a reunião com outros ministros. Por fim, o político convocará um encontro com todos os governadores.

A gente não pode construir algo que seja ineficaz. Anunciar algo que depois não funcione. Ou seja, nós só temos que anunciar uma coisa se for melhor que o que tem, pra fazer mais do que o que tem e pra evitar mais violência do que a que tem hoje. Então, é preciso a gente pensar muito pra gente não fazer 'pirotecnia': anunciar uma coisa e depois não acontece nada. O Brasil tá cansado de gente anunciar coisa que não acontece.
Luiz Inácio Lula da Silva

CRIME ORGANIZADO E LIBERAÇÃO DE ARMAS

O chefe do Executivo afirma que os problemas de Segurança Pública estão ligados ao crescimento do crime organizado e liberação de armas. "No Estado do Ceará, houve momentos em que a Segurança era tida como satisfatória. Depois, houve momentos que ela caia, porque é um momento sério que está ligado a muitas coisas, sobretudo ao crescimento do crime organizado e no caso mais recente à liberação de armas", declara.

Lula criticou a flexibilização da compra de armas de fogo e criticou quem comprou armas "não é pessoa honesta e decente". Ele ainda reforçou que ficou mais fácil para o crime organizado adquirir  armamento. "Muitas organizações compraram armas à vontade", diz.

CHACINA NO CEARÁ

Sete pessoas morreram duas ficaram feridas em uma chacina registrada no município de Viçosa do Ceará — distante 357 km de Fortaleza —, na madrugada desta quinta-feira (20). O caso foi na Praça Clóvis Beviláqua, no Centro da Cidade.

O caso foi comentado pelo presidente Lula durante sua passagem pelo Ceará. "Eu conversei com o Elmano sobre o atentado dessa madrugada. Não se sabe se é briga entre o crime organizado, entre facções. O dado concreto é que temos  que apurar e prender as pessoas que fizeram isso", reforça.