O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse, em entrevista exclusiva ao O Globo, que a fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, é vista pelo Governo Federal como oportunidade para "reforma nos presídios". O ministro foi ao município potiguar na última quarta-feira (13).
"É oportunidade de fazer uma reforma nos presídios. Imagine se tivesse ocorrido a fuga de alguém como o Marcola? Estamos muito mais preparados agora", afirmou o gestor, fazendo referência a Marcos Willians Herbas Camacho, um dos líderes de uma facção criminosa paulista.
Desde que foi registrada a fuga dos presidiários, há pouco mais de um mês, o Governo anunciou uma série de medidas para melhorar a segurança nas penitenciárias federais, como a construção de muralhas, a instalação de cercas elétricas, o aumento das revistas diárias e a compra de mais equipamentos de videomonitoramento e de câmeras térmicas.
Busca por fugitivos
Na entrevista concedida ao O Globo durante visita a Mossoró, Lewandowski disse ainda que deve renovar a permanência da Força Nacional na região e que serão mantidas as equipes policiais que trabalham noite e dia nas buscas pela mata e em pequenos vilarejos. "Enquanto tivermos indício de que eles [fugitivos] estão dentro do perímetro de busca, vamos manter [as equipes]. Não posso deixar a população desprotegida. São bandidos perigosos", entende o ministro.
No entanto, Lewandowski admitiu que "tudo muda" se a Polícia constatar que os criminosos não estão mais na região e tiverem migrado para outro estado.
Relembre o caso
Dois presos escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró no dia 14 de fevereiro e continuam foragidos. O ministro Lewandowski acredita que Deibson Nascimento, 33, e Rogério Mendonça, 35, seguem escondidos na região Oeste do Rio Grande do Norte, entre as cidades de Baraúna e Mossoró.
A dupla é vinculada a uma facção criminosa que tem entre suas principais lideranças o criminoso Fernandinho Beira-Mar, que, na época da fuga, também estava encarcerado na unidade federal de Mossoró — depois, ele foi transferido para o presídio federal de Catanduvas.
Cada um dos presos soma mais de 70 anos de pena e responde por crimes como homicídio, roubo, latrocínio, tráfico de drogas e organização criminosa.