O prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), investigado por crimes como corrupção e fraude em licitações, afirmou, nesta quarta-feira (13), que tem "absoluta certeza" de que está "sendo vítima de uma grave perseguição política".
O gestor é um dos alvos da Operação Nullum Pactum, do Ministério Público do Ceará (MPCE), deflagrada nesta quarta, que apura, ainda, os crimes de falsidade ideológica e associação criminosa na administração pública de Juazeiro, no Cariri.
De acordo com o órgão fiscalizador, que também mira a atual secretária e o ex-secretário de Meio Ambiente e Serviços Públicos da gestão municipal, um empresário teria feito uma doação para a campanha eleitoral de Glêdson e, com a eleição dele, teria assumido a pasta, nomeando, inicialmente, o genro e, em seguida, uma funcionária da própria empresa.
No comando da secretaria, o empresário teria executado um dos contratos de maior valor para a Prefeitura, que seria referente à limpeza pública. Além disso, a investigação encontrou indícios de que teriam sido celebrados contratos fraudulentos com a referida empresa, com violação ao caráter competitivo do processo licitatório.
Prefeito nega acusações
Glêdson nega as acusações. Em entrevista coletiva para a imprensa, ele afirmou que sua gestão reduziu o valor pago pelo Executivo municipal pelos serviços de limpeza pública de R$ 4,5 milhões para R$ 2,2 milhões e afirmou que já sabia que seria alvo de operações que poderiam afastá-lo da Prefeitura em ano eleitoral.
Fiz uma dispensa de licitação e 'quebrei', como se diz no popular, mais de R$ 2 milhões o valor de contrato, quando contratei a empresa Revert [Soluções Ambientais], e é aí que eles estão dizendo que houve um direcionamento para essa empresa Revert, porque eu tinha que fazer uma dispensa de licitação enquanto terminava a licitação, terminei a licitação em seguida e conseguimos baixar ainda mais, porque a empresa que venceu, venceu por R$ 2 milhões e alguma coisa. Não conformados com isso, meus opositores denunciaram que esse valor era inexequível, disseram que não tinha como limpar a Cidade com esse valor tão baixo, e a empresa que está aí, está há mais de dois anos trabalhando com isso, com esse valor tão baixo, que não é tão baixo, é porque o outro era superfaturado, o outro era um crime, e a gente cortou".
Investigações
A pedido do Ministério Público, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) também determinou o afastamento por 180 dias da atual secretária de Meio Ambiente e Serviços Públicos, Genilda Ribeiro Oliveira, e as quebras dos sigilos bancário e fiscal dos envolvidos.
Foram cumpridos, nesta quarta, 14 mandados de busca e apreensão, tanto em Juazeiro do Norte como em Aquiraz e Tejuçuoca, nas residências de Glêdson, de Genilda e do ex-secretário da pasta, além de três empresários. Também foram apreendidos materiais nas sedes das empresas investigadas, que servirão para embasar as apurações.